MANAUS – Eu tenho absoluta certeza de que nada acontece por acaso. Hoje, eu precisei mudar completamente a minha rota e peguei um ônibus que eu nunca utilizaria em dias normais. Encontrei, Lucas.
Aquele som de saxofone parecia não combinar muito com o caos e o barulho do transporte público, comecei a procurar incansavelmente.
De longe percebi aquele rapaz jovem com uma caixinha de som no chão, um chapéu na cabeça, chinelos nos pés e um saxofone encantando quem estivesse por perto.
Ele tocou e cantou três músicas da nossa MPB. Fechou os olhos e encerrou com Tom Jobim, como se ninguém mais estivesse dentro daquele ônibus. Somente ele e a arte.
Eu tinha que conhecer a história daquele rapaz. Chamei para conversar, que me recebeu com um sorriso e um forte aperto de mãos.
Ele chama Lucas Villarim, tem vinte anos é do interior de São Paulo e há um ano se aventura viajando pelas cidades de todo o Brasil.
No Rio de Janeiro onde cursava filosofia, Lucas se apaixonou pela MPB e por uma francesa que o inspirou a viajar e conhecer cada canto desse país.
Ele vive da música, Lucas me contou que tocando nos transportes públicos e nas ruas as pessoas oferecem oportunidades, “quando toco e algum dono de restaurante vê, ele me chama para trabalhar e assim eu vivo, da arte”.
Para ele, a sua maior motivação é reencontrar a sua namorada que está em Santarém e logo depois reencontrar a sua família que não o vê há um ano.
Lucas, me encantou. Me inspirou e me deixou um ponto de esperança e alegria no meu coração. É extremamente necessário ser corajoso por momentos de felicidade. Quando perguntei se valeu a pena, ele foi enfático em responder, “com certeza”.