EDITORIAL
MANAUS – Sempre que ocorre um fato “relevante” para as organizações criminosas em Manaus, a cidade inteira ouve a explosão simultânea de fogos de artifícios em praticamente todos os bairros. No último domingo, 6, não foi diferente.
Minutos depois de o governador do Amazonas, Wilson Lima, fazer um pronunciamento sobre os ataques ocorridos na madrugada daquele dia, os fogos começaram a estourar nos bairros de Manaus.
Uns diziam que os fogos eram uma reação à fala do governador; outros, que eles faziam parte das homenagens ao membro da facção morto pela polícia na noite de sábado, e que gerou a reação violenta, com a queima de ônibus, agências bancárias, ambulância, carros particulares, prédios públicos e máquinas da Prefeitura de Manaus.
Mas os fogos há outros significados, todos eles lamentáveis para a sociedade brasileira e, principalmente, para os moradores do Amazonas e de Manaus.
O primeiro significado é a força que as organizações criminosas mostram, ao conseguir tamanha mobilização de seus membros para uma atuação em cadeia.
O segundo, é que o crime organizado não está mais escondido, como fazia no início. Os fogos sinalizam também o território dominado. Em vez de esconder-se, o tráfico mostra a todos que ali há um núcleo de atuação.
E, o terceiro, o crime organizado não teme mais a autoridade constituída, por isso, sinaliza que está ali, pronta para o enfrentamento.
Nesses territórios dominados, que vêm sendo ampliado cada vez mais e atingem quase todo o Estado, a organização tem poder de mando, e ditam as leis e as regras de convivência.
Apesar de a sociedade não concordar com o mandonismo das organizações criminosas, o medo e o instinto de sobrevivência impedem que as pessoas denunciem.
Mas há outro fator que pesa no silêncio e na falta de ação da sociedade: a relação promíscua de maus policiais com as organizações criminosas. Muitas pessoas de bem não confiam na polícia e nem acreditam que o problema será resolvido.
No domingo, o prefeito de Manaus, David Almeida, fez um apelo à sociedade para que ajude a combater o tráfico de drogas: “Ou a sociedade toma uma atitude contra as drogas para acabar com as drogas, ou as drogas acabam com a sociedade. Esse é o momento de todos nós nos unirmos”.
É preciso combinar com os russos.
Enquanto tivermos maus policiais atuando como funcionários de bandidos, vamos continuar perdendo essa guerra…
Seria óbvio um policial que recebeu instruções e treinamento para combater o crime. E que no momento de ingressar nos postos dos “Quartéis” se comprometer a servir e proteger o cidadão. Cumprisse com sua Palavra.
Mas algo de “errado” está acontecendo…