Entrou em seu próprio labirinto e não tem como sair das armadilhas que foi criando a partir do momento em que chegou ao poder. Lá atrás, ainda tinha algum charme, quando acenava com propostas de renovação ética e moralidade na política. Com o tempo, sepultou bandeiras inaugurais e nivelou-se com o que há de pior dentre os partidos com existência legal no país. Bate sempre na mesma tecla e insiste em defender o indefensável, na inglória tentativa de colocar vendas sobre os olhos da Nação, diante de escândalos e mais escândalos que alcançam o coração e a alma do partido.
Encontra-se agora encarcerado com seu tesoureiro-geral, o defunteiro João Vaccari Neto, numa das celas da Polícia Federal em Curitiba. Na época do Mensalão, com Delúbio Soares, o tesoureiro anterior, as relações foram diferentes. Delúbio foi defenestrado da secretaria de finanças e em seguida expulso do PT, com o enredo da compra de votos de parlamentares em curso, enquanto Vaccari foi mantido no cargo até ser preso por decreto judicioso do juiz Sérgio Moro.
O roceiro goiano foi execrado e não se ouviu em sua defesa uma única voz ou palavra no PT. Com os anos, Delúbio terminaria reabilitado. Foi readmitido no partido, contanto que permanecesse atuando apenas na sombra, nos bastidores do lulopetismo, distante de qualquer holofote. Com o sindicalista e ex-bancário Vaccari Neto, ocorreu o contrário. Não foram poucos os petistas que lhe prestaram apoio. Já depois de preso, teve inclusive direito a nota oficial de solidariedade da direção nacional da legenda, subscrita pelo presidente Rui Falcão.
O deputado federal e líder do PT da Câmara, o piauiense-acreano Sibá Machado, além de ter escoltado Vaccari Neto em sua chegada à CPI da Petrobras, todo enfatuado e com a pompa dos néscios, não mediu palavras em favor do dito-cujo, ao sustentar que vasculharam a vida do tesoureiro e nada encontraram. Apesar de todas as evidências, coisas do Sibá, aquele mesmo que responsabilizou a CIA pelos movimentos e protestos de rua que acontecem no Brasil. Engraçado, o esquisito Sibá (nem Simbá, o marujo, e muito menos Sabá, apelido que lhe seria natural, uma vez que se chama Sebastião), que nome hein!, já se torna conhecido pelas besteiras que diz e repete com frequência. Faz carreira desde a época em que foi senador, ao assumir na condição de suplente de Marina Silva, e caminha a passos céleres para cair no folclore e no anedotário político brasileiro.
Mas o que intriga mesmo é a distinção que o lulopetismo estabeleceu entre Delúbio e Vaccari. Terá sido pela capacidade arrecadatória de Vaccari, que atingiu números realmente impressionantes? Apenas no oficial, em 2007 e 2009, antes de Vaccari, o PT conseguia abastecer seus cofres com cerca de 9 e 12 milhões, enquanto que com Vaccari chegou a algo em torno de 51 e 80 milhões, nos anos de 2011 e 2013. Tudo isso sem contar com as declarações prestadas por Pedro Barusco, que afirmou, em delação premiada no imbróglio Petrobras, que o PT embolsou entre 150 a 200 milhões de dólares, por obra e graça do competentíssimo Vaccari Neto e das propinas pagas com dinheiro do assalto na estatal. Ou será pelo temor que o até então tesoureiro dê com a língua nos dentes e diga tudo o que sabe sobre o que acontece nos porões da corrupção lulopetista?
Bem, a cada dia uma agonia e a cada passo uma nova estação no interminável e invencível labirinto do PT. Como se não bastasse, às portas da prisão de Vaccari, o governo de Dilma enfrenta a reprovação unânime do Tribunal de Contas da União a respeito de suas manobras contábeis, conhecidas como “pedaladas fiscais”, capazes de incriminar a presidente como infratora da Lei de Responsabilidade Fiscal, fato que a sujeita a um possível processo de impeachment. A fim de maquiar as contas públicas, o governo retardou o repasse de 40 bilhões de reais aos bancos públicos, que foram obrigados a suportar os custos dos programas sociais, do tipo Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e outros, vistos como empréstimos expressamente vetados pela legislação vigente.
Aonde se toca sai pus. E nesse labirinto do cinismo e da corrupção não há fio de Ariadne capaz de indicar a saída, com o PT perdido em seus intrincados caminhos, próximo de ser finalmente derrotado e varrido da vida pública brasileira, como experiência trágica, triste e malograda para o Brasil e seu povo.