A Prefeitura de Manaus voltou a discutir um plano de mobilidade urbana para Manaus. As discussões atuais estão sendo realizadas pela Câmara de vereadores no curtíssimo prazo de 25 de novembro a 04 de dezembro. Previsto no Estatuto das Cidades, uma lei de 2001, e até hoje ignorado pelo poder público municipal, a implantação de ações planejadas na área essencial de mobilidade urbana parece cada vez mais longe dos manauaras.
Essa é a conclusão de quem participou das audiências públicas lideradas pela base de apoio ao atual prefeito. O problema é que o PlanMob não é fruto de planejamento e protagonismo da sociedade civil, convocada apenas para ratificar um documento pronto, elaborado sem discussões, grupos de trabalho ou reflexões sobre os reais problemas do transporte coletivo que assolam milhares de pessoas todos os dias. Além disso, não foram acordados com a sociedade civil os objetivos e metas de curto, médio e longo prazo para solucionar os problemas de mobilidade urbana.
Nesse sentido, o que se vê é uma tentativa das lideranças do executivo municipal em “dar aula” de mobilidade urbana para os presentes nesses eventos e não debates ou discussões francas com os usuários a respeito das soluções propostas no plano. Ontem (1o) no mesmo instante em que a Câmara de vereadores discutia o PlanMob, o sindicato das empresas de transporte coletivo de Manaus – SINETRAN debatia o mesmo assunto em evento próprio, mais uma prova de que há algo muito errado no PlanMob Manaus. Afinal, empresas, poder público e sociedade civil deveriam discutir juntos esse plano de mobilidade, ou não?
Portanto, o poder público municipal e seus representantes precisam entender que, ainda que exista boa vontade, não é possível elaborar planos e projetos subvertendo o texto da lei ou manipulando as discussões. Num cenário em que a população anda com os nervos à flor da pele com a ineficiência e incapacidade da classe política, é no mínimo perigoso tratar a mobilidade urbana como tema de campanha. Melhor seria elaborar um planejamento sério, discutir com a população em fóruns e mesas de debate, trazer as empresas que prestamos serviços para opinarem e ouvir os representantes políticos, inclusive da oposição.
Após esse verdadeiro debate, teríamos um plano de mobilidade urbana que resumisse diferentes abordagens: usuários, poder público, prestadores de serviço, órgãos de controle e classe política. A classe política precisa abandonar a velha prática de querer manipular todas as questões relevantes locais a seu favor. Afinal, vamos ser francos: é uma piada de mau gosto discutir um plano de mobilidade urbana para Manaus em cinco dias.