Desde logo reitero que jamais aceitei a ideia do jornalismo neutro, da mídia imparcial ou isenta. Quem advoga essa posição, com frequência ensinada com equívoco nas escolas de jornalismo, fica sempre a serviço de um dos lados em disputa. Trata-se, mudando o que deve ser mudado, da mesma situação do centro no espectro ideológico, entre esquerda e direita, cujos conceitos muitos acreditam falidos, militando de igual modo em erro evidente.
Portanto e de pronto anuncio meu voto em Aécio Neves nas próximas eleições. E razões das mais sólidas não me faltam. Tem o melhor discurso e a melhor prática política, transmite credibilidade e já foi testado e aprovado como administrador publico. Em confronto com seus adversários, deixa-os no chinelo, sem uma única exceção.
Dilma Rousseff revelou-se má gerente. Ou, com a maior boa vontade do mundo, insuficiente para comandar o país, que patina em sua gestão com números negativos ou ridículos. Com ela, tivemos a estagnação econômica e a ameaça concreta de retorno da inflação, posta no limite da meta ou um pouco acima, além dos escândalos que se espalham como metástase pelo corpo da Nação. E Marina Silva? Bem, Marina é o que é, limitadíssima, insegura e contraditória, sem condições mínimas de tocar o Brasil com suas atuais complexidades.
A acriana, que desponta como a grande sensação do momento, senhora do anúncio da chamada “nova política”, embora na prática seja velha e instável, ao passar por quarto partidos nos últimos seis anos, merece alguns capítulos à parte. Ao sabor das marés da opinião pública, de seus eleitores em potencial e dos interesses imediatos de lideranças políticas, religiosas e empresariais, muda de ponto de vista e de propostas sobre atos e fatos da vida nacional como se troca de blusa.
Ora diz uma coisa, ora diz outra. E o caso do pré-sal é significativo, cuja produção admitiu reduzir bastante em seu governo. Declarou que é preciso sair da “idade do petróleo”, minimizou a importância das jazidas profundas no litoral brasileiro e defendeu o uso de novas fontes de energia. No entanto – e tudo é muito primário –, desconhece ou faz questão de desconhecer o emprego do petróleo na produção de inúmeros bens indispensáveis à vida moderna. Ainda assim, apanhada no contrapé, apressou-se em negar o que antes sustentara, do mesmo modo como retrocedeu em relação ao casamento entre homossexuais e na criminalização da homofobia, pressionada pelo famoso pastor fundamentalista Silas Malafaia.
Afirma que não toma decisões inspiradas pela religião, mas lá atrás declarou que não deixa de consultar a Bíblia a respeito de qualquer definição política, como o fez quando aliou-se ao falecido candidato Eduardo Campos. Agora, com visão estritamente eleitoreira, declara que não é e jamais foi contra os transgênicos, ainda que os tenha condenado no passado de forma peremptória, em mais de uma dezena de entrevistas e pronunciamentos. Acreditem os leitores, com sustentação em versículos e parábolas bíblicas e religiosas. Já foi católica, apostólica e romana, fervorosa, quase freira de convento, e agora contrapõe-se à sua primeira opção, com postura protestante e messiânica.
Marina anda de ceca e meca com Neca Setubal (rimou), acionista e herdeira do Banco Itau, um dos maiores conglomerados financeiros do país, que alimenta sozinha o instituto criado pela ambientalista, mas acusa Dilma de ter criado o “bolsa banqueiro”. No mesmo passo, acena com a concessão de plena autonomia ao Banco Central, tradicional reivindicação dos banqueiros, enquanto nega que tenha o apoio da banca nacional. Aponta a existência de bons politicos em diversos partidos, com os quais poderia governar, acima de qualquer legenda partidária, com laivos de pureza que nunca possuiu, mas com indisfarçável esperteza, a fim de criar fendas nas siglas que agasalham os eleitos pela ex-seringalista.
Em relação ao Amazonas, seria um deus nos acuda. Com visão miúda, aqui é contra tudo. Combate a recuperação da rodovia Manaus-Porto Velho, não admite a construção de hidrelétricas e mostra-se intolerante diante de projetos de exploração madeireira e mineral na região. Eduardo Giannetti, seu principal assessor econômico, defende o desmame da indústria de subsídios e incentivos. Em tese, uma política correta, mas preocupante em relação ao Polo Industrial de Manaus, fundado em incentivos fiscais. É incrível, mas Marina não conta sequer com o apoio de Ângela Mendes, filha de seu líder e guru Chico Mendes, que aderiu à campanha de Dilma, o que confirma a asserção de que quem conhece Marina não vota em Marina. Como, por conseguinte, nela votar, sem expor o Brasil e a Amazônia aos riscos da paralisia absoluta, da imobilidade econômica e social, fruto da incompetência e da percepção estreita da realidade nacional, com ranços e desvios óticos inadmissíveis em pleno século XXI.
Na outra ponta, o discurso de Aécio é contemporâneo e volta-se para a modernização e a eficiência do Estado, na mesma linha de governo do estadista Fernando Henrique Cardoso.
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