MANAUS – O ex-socialista Marcelo Ramos, que assinou ficha de filiação ao PR, do deputado federal Alfredo Nascimento, na manhã deste sábado, disse não ter duvidas de que uma decisão como esta gera incompreensões, mas afirmou que ir para o Partido da República não o muda como político. Dirigindo-se às pessoas que porventura se sentiram decepcionados com a filiação dele a um partido que representa o que ele chamava até recentemente de velha política, Ramos afirmou: “Gera incompreensões [a decisão dele] em pessoas que historicamente me seguem e que por pureza d’alma ou por convicções ideológicas absolutamente legítimas, tem dúvidas sobre esse encontro que simboliza eu e o Alfredo, eu e o PR. Mas eu tenho certeza que essas pessoas, com o tempo, perceberão que nós tomamos a decisão correta, e com o tempo, perceberão que o Marcelo Ramos é o Marcelo Ramos onde quer que ele esteja”.
Ramos disse que nos diálogos com Alfredo ele não pediu um novo Alfredo e o presidente nacional do PR não pediu um novo Marcelo. “Nós pedimos que da junção dessas ideias, da experiência e da juventude, possa sair algo maduro, seguro e moderno para a cidade de Manaus e para o Estado do Amazonas”.
Velha política
Questionado sobre o discurso de 2014, em que Ramos criticava o que chamou de velha política, onde estava Alfredo Nascimento, e se a filiação do PR representava uma mudança de discurso, o ex-deputado estadual e pré-candidato à Prefeitura de Manaus disse que não. “Pelo contrário, é a reafirmação do meu discurso. É o protagonismo do novo com a sabedoria de saber ouvir a experiência. É a reafirmação do meu discurso”.
Outra pegunta lançada a Ramos na coletiva depois da assinatura da ficha de filiação foi “como ele vai explicar ao eleitorado que lhe confiou quase 179 mil votos em Manaus o fato de ter se apresentado como contraponto a políticos como Alfredo Nascimento, Amazonino Mendes, Eduardo Braga e José Melo e agora a filiação ao PR. “De uma forma muito prática. De que estou confirmando a tese de que é preciso haver uma transição da política do Amazonas. E nós estamos preparando essa transição”.
Para justificar essa tese, Marcelo Ramos explicou que no Brasil “ninguém disputa eleição sem partido, ninguém disputa eleição por partido que não deixa você se filiar, e ninguém disputa eleição por partido que não quer ter candidato”. E completou: “Portanto, objetivamente, aqui há o encontro de alguém que tem um projeto para Manaus e que encontrou um partido que permite a filiação e que permite a construção de uma candidatura”.
Vice-prefeito
Sobre a possibilidade de se candidatar a vice-prefeito em uma eventual composição com outros partidos mais expressivos no Estado, Marcelo Ramos não descarta, mas afirma que a intenção dele é se candidatar a prefeito. “Nós estamos construindo um projeto para governar Manaus. Não tenho pretensão nenhuma de ser candidato a vice-prefeito. Agora, nós não podemos ser candidatos de si mesmos, da minha vaidade. Nós precisamos simbolizar um projeto e um grupo que pretenda aderia a esse projeto para a reconstrução de Manaus. Não podemos sentar à mesa com as pessoas e dizer: ‘pra sentar aqui, eu sou candidato e acabou’. Nós vamos dialogar com todas as pessoas, agora, é óbvio que o PR se reafirma como um partido, não só em Manaus, que quer ter candidaturas nas cidades do Estado do Amazonas”.
Alfredo Nascimento
O presidente nacional do PR, Alfredo Nascimento, disse que a decisão de Marcelo Ramos foi acertada, porque o partido lhe dá condições de disputar as eleições do próximo ano. “O Marcelo tinha duas opções: ou ele iria para um partido que tem estrutura, que tem tempo de televisão ou seria candidato por um partido que não tem estrutura, que não tem expressão, que não tem tempo de televisão, e ele não poderia defender as suas teses e suas vontades pra Manaus”.
Alfredo também adota o discurso de renovação do partido com a ida de Ramos para a legenda. “A vinda do Marcelo para o PR é a confirmação do que eu disse em uma convenção regional sobre a nova cara do PR. O PR acha que tem que aproveitar o fato de ter um amazonense como presidente nacional do partido e fazer uma transição entre o velho e o novo. Ser novo, ser moderno, não é rejeitar o velho. Ser novo e ser moderno é aproveitar as experiências boas vividas pelos mais velhos e se livrar das experiências ruins”.
Alfredo disse que não será candidato a prefeito, “apesar de reunir condições” para a disputa, segundo ele, e disse que Marcelo Ramos reúne as condições necessárias e vai construir com o partido um projeto de renovação para Manaus. O presidente do PR, no entanto, não descarta a candidatura a vice de Ramos, e disse que a definição será feita por um grupo que do qual o Partido da República fará parte.