Estudos realizados pela Federação das Indústrias de São Paulo – FIESP, apontam que a corrupção no Brasil consome entre 1,3% e 2,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Em números absolutos, levando em conta os valores consolidados de 2012, na ordem de R$ 4,4 trilhões, a corrupção equivale a uma perda de 60 a 100 bilhões de reais por ano. São números assustadores. A transparência internacional situa o Brasil na 172ª posição no ranking mundial da corrupção, num grupo de 177 países.
O fato é que a corrupção é uma praga social que atrapalha todas as iniciativas – públicas ou privadas – de melhoria do país, e revolta a grande massa de brasileiros, pessoas de bem, que trabalham, pagam impostos e esperam contrapartida mínima do estado. Dentre as principais causas para esse quadro, podemos citar a fragilidade das instituições, a burocracia excessiva, a impunidade e o grande número de cargos de confiança nos governos, esses fatores são agravados pela cultura disseminada do “jeitinho brasileiro”, cuja ideia central é burlar as leis e regras, visando tirar algum proveito pessoal ou para outrem.
Quanto ao histórico quadro de impunidade relacionada aos crimes de corrupção ou de “colarinho branco”, houve um enorme avanço na legislação. Trata-se da admissão da Lei anticorrupção, proposta e aprovada no calor das manifestações populares de junho de 2013. Pela regra, que passou a valer em 2014, as empresas também passam a ser alvo de punições, e não apenas as pessoas físicas como era anteriormente. Pune-se o corrupto, na maioria das vezes um agente público, e também o corruptor. É uma lei dura, que prevê desde multas vinculadas ao faturamento da empresa ou ao tamanho da corrupção, mas que também pode decretar até mesmo a “morte” da pessoa jurídica, dissolvendo-a em função dos atos de corrupção praticados.
Assim, diante de um noticiário toxico como o que vivemos atualmente, é natural que as pessoas enxerguem com desânimo a escalada dos escândalos de corrupção e descrença na punição de culpados. Entretanto, é importante ressaltar que o aprofundamento das investigações é fruto do avanço da legislação brasileira, inclusive a recente lei das delações premiadas, que prevê a colaboração de corruptos confessos na elucidação dos crimes.
Portanto, para além das posições contra ou a favor do governo, das argumentações reducionistas de esquerda e direita, das lutas campais de manifestantes contra e a favor de um suposto golpe, existe o inimigo comum, oculto e avassalador: a corrupção. Essa sim, merecedora do radicalismo e ardor no seu combate. Para o quadro atual, o melhor governante, gestor, administrador, ativista político ou militante social é aquele que se posicionar claramente contra a corrupção. Somente um pacto firmado por toda a sociedade será capaz de eliminar a corrupção como instrumento dos negócios públicos e privados do país.