Da Redação
MANAUS – A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu o julgamento do recurso que questiona a parcialidade de Moro no caso tríplex após o pedido de vista do ministro Nunes Marques, em sessão nesta terça-feira, 9. Marques, que tomou posse no STF em novembro do ano passado, alegou que não teve tempo de analisar o caso.
“Eu estava atento aos outros processos da pauta. Não poderia, até que tentei, rapidamente alinhar o voto diante do que vi, principalmente, do que foi trazido aos autos, o que o eminente relator já dispôs no processo, os votos anteriormente lançados. Mas o tempo foi extremamente curto para um membro da corte que jamais participou do processo e que não tinha nenhum conhecimento sobre ele”, afirmou Nunes.
O ministro adiantou que o pedido de vista não o deixa constrangido e, se os colegas quisessem apresentar seus entendimentos, cada voto seria “mais enriquecedor” na formação do convencimento dele. “Já adianto que não me causa nenhum constrangimento. Ao contrário. Seria mais que prazeroso, seria construtivo ouvir o voto dos demais membros da turma se assim vossas excelências decidirem”, disse Nunes.
Os ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski votaram pela suspeição de Moro.
Em 2018, antes de Gilmar pedir vista do processo e suspender o julgamento, os ministros Cármen Lúcia e Edson Fachin já haviam decidido rejeitar o recurso da defesa do ex-presidente Lula. No entanto, eles ainda podem mudar o voto.
Nesta terça-feira, 9, Cármen disse que já tinha o voto, mas iria aguardar Nunes. “Eu vou aguardar o voto-vista do ministro Kássio que, como sempre, tem sido extremamente rápido no retorno que ele dá nas vistas que pede. Vossa Excelência (ministro Gilmar Mendes) também trouxe um voto muito profundo, muito sério, com dados muito graves. Eu, portanto, aguardo e votarei na sequência do ministro”, afirmou a ministra.
O julgamento da suspeição de Moro ocorre um dia após o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, anular todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, a partir do recebimento da denúncia, em quatro processos contra Lula. Fachin declarou a “perda de objeto” de 14 processos que tramitam no STF questionando se o ex-juiz Sérgio Moro foi parcial na condução das ações contra o ex-presidente.
Mesmo assim, o ministro Gilmar Mendes colocou na pauta de hoje o julgamento do recurso que questiona a parcialidade de Moro no caso tríplex. Por quatro votos a um, a Segunda Turma decidiu retomar o julgamento. Somente Fachin foi contra.