Do ATUAL
MANAUS – O ex-deputado Marcelo Ramos, candidato do PT a prefeito de Manaus, descartou construir um metrô caso seja eleito. Segundo Ramos, tanto o metrô subterrâneo quanto o de superfície são inviáveis em Manaus pelo custo. Ele defende o BRT (Bus Rapid Transit), corredor exclusivo para ônibus, como modal de transporte público para a capital.
“Fomos nos acostumando a uma cidade ruim. As pessoas vão se costumando com o que é ruim. Essa eleição é a chance de uma virada de página”, disse.
“Um quilômetro de metrô, sem cavar, custa 500 milhões de reais. E um cavado custa R$ 1 bilhão. Se fizermos dez quilômetros de metrô, estaremos falando de R$ 10 bilhões de reais que resultarão em endividamento para a prefeitura porque terá que ser subsidiado”, disse Marcelo Ramos em entrevista na manhã desta sexta-feira (6) ao Grupo dos Seis, formado pelos sites AMAZONAS ATUAL, BNC, Portal Único, Portal do Mário Adolfo, Portal do Marcos Santos e Blog do Hiel Levy.
“Sonhamos com um modal de transporte mais eficiente, moderno e mais rápido, mas tem que fazer conta. Não basta somente a nossa vontade”, acrescentou. “Não tem metrô que entra no bairro. Vai ter que pegar o ônibus para pegar o metrô. Temos que fazer um debate com a sociedade para saber se ela está disposta a abrir mão de outras coisas para custear uma obra de R$ 5 bilhões e que será subsidiada”.
Ramos afirmou que o ônibus não é um problema para o trânsito de Manaus e o que existe é um “preconceito” por parte de pessoas que andam de carro. “Não podemos achar que o problema de engarrafamento em Manaus é ônibus. Isso é uma maldade preconceituosa de quem anda de carro. Do total de veículos na cidade, somente 1,5% são ônibus que transportam 60% das pessoas”, comparou.
Para o petista, a solução do trânsito está na “melhora” do sistema de transporte coletivo da cidade e na aplicação do Decreto nº 2100/2013 que criou a “Zona Máxima de Restrição de Circulação”.
“Um ônibus que transporta 70 pessoas não pode ter a mesma prioridade no trânsito de um carro que transporta somente uma pessoa e não pega ninguém. Portanto, nós temos que ter um corredor exclusivo para ônibus. Essa ideia foi queimada por prefeitos desastrados”, afirmou. “A gente tende a transferir a responsabilidade. Temos que melhorar o sistema de transporte coletivo. O carro não pode ter a mesma preferência que o ônibus”.
Marcelo Ramos lembrou que havia o projeto do monotrilho para a Copa do Mundo de 2014, mas que foi abandonado porque se chegou à conclusão da inviabilidade financeira.
Ele citou como exemplo da inviabilidade do metrô o sistema de Brasília, que é subsidiado. O governo paga parte dos custos. Também disse que Curitiba (PR) e Medellin (Colômbia) têm como principal modal o BRT, mas foram planejados e executados há muito tempo.
Conforme Marcelo Ramos, quem usa ônibus hoje em Manaus é o estudante e o idoso, que não pagam, e o trabalhador que ainda não conseguiu comprar uma moto. Quem tem condições, mas ainda não investiu em um carro, anda de transporte por aplicativo.
Marcelo Ramos disse que o problema do trânsito se resolve levando serviços onde as pessoas estão. “Preciso induzir serviços para onde tem pessoas e induzir pessoas para onde tem serviços”.
Também citou que não dá para andar a pé em Manaus porque tudo é longe, não tem calçada e ninguém respeita o pedestre. Ramos disse que gosta da ideia do modal fluvial. “Mas é preciso discutir tarifa, tipo de embarcação e como unificar essa tarifa do transporte fluvial com o transporte urbano. Gosto da ideia de um modal misto”.
Segundo o candidato, “o que liga uma pessoa à cidade do ponto de vista afetivo é história, a cultura e o esporte”. “Abandonamos nossa história. O efeito é que você não se sente dono da cidade. Aí joga lixo na rua, quebra uma lixeira, picha prédio público”, concluiu.