Da Redação
MANAUS – Com o aumento no número de sepultamentos em Manaus, que levou a Prefeitura a abrir covas coletivas e adicionar um contêiner frigorífico no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, no Tarumã, zona oeste da capital, a diretora-presidente da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), Rosemary Costa Pinto, disse que nem todas as mortes são por coronavírus, embora tenham relação com a pandemia no estado.
“Nem tudo o que é insuficiência respiratória é Covid. Continuamos tendo morte por outros transtornos pulmonares que continuam afetando severamente a população e matando”, disse, em entrevista online na tarde desta quarta-feira, 22.
O número de óbitos por insuficiência respiratória e pneumonia aumentaram nas últimas semanas e esse quadro surge por vários motivos. Segundo Rosimary Pinto, uma morte só começa a ser investigada por determinação do médico que atendeu o paciente.
“O quadro de insuficiência respiratória e pneumonia pode ter várias causas. O paciente pode ter um câncer de pulmão, um distúrbio pulmonar obstrutivo crônico, uma pneumonia bacteriana, uma tuberculose. As doenças pulmonares continuam acontecendo, e nem tudo que leva insuficiência respiratória é Covid-19. Quem define se vai ter coleta de exame ou não é o médico que está atendendo”, disse a diretora.
Sobre os pacientes que estão morrendo sem atendimento ou de forma rápida em hospitais, Rosemary confirma que o órgão está ciente da situação e que essas mortes acontecem pela demora das pessoas em procurar as unidades de saúde.
Segundo a diretora, pessoas estão chegando aos hospitais sem possibilidade de serem tratadas, por conta do estágio da doença.”Temos tido muitos pacientes que estão chegando nas unidades já num estágio muito avançado, sem possibilidade de tratamento, mas não quer dizer que os primeiros sintomas apareceram naquele dia”, disse.
Os pacientes tem dificuldade em perceber os sintomas e o quadro se agrava no ambiente doméstico, segundo Rosemary. A afirmação coincide com as declarações feitas pelo prefeito Arthur Neto sobre o número de pessoas que tiveram mortes domiciliares, sem conseguir chegar ao hospital.
O Amazonas registrou na tarde desta quarta-feira 207 mortes por coronavírus. O número, porém, é menor que a quantidade de sepultamentos na capital, que já tem necessidade de enterrar as vítimas em covas coletivas e se encontra com filas de enterros em seus cemitérios.
Sobre isso, Rosemary informa que há uma subnotificação dos registros de mortes na Secretária de Saúde por conta do tempo que leva para o número ser registrado em seu sistema de atualização, logo os cartórios conseguem ter os números mais atualizados das mortes.
“Temos fluxos diferentes de registros e declarações de óbitos em cartório e a entrada desses declarações no sistema de informação de mortalidade que é o SIM. Existe um tempo hábil para que os municípios alimentem essas informações no sistema de vigilância epidemiológica. Portanto, vai sempre haver uma defasagem do número de óbitos registrados em cartório e o número de óbitos computados pela saúde, em função disso também o número de óbitos em registro de cartórios aumentou muito”, disse.
A preocupação continua sendo com os grupos de risco, que precisam estar atentos as sinais da doença, para procurar atendimento médico, segundo Rosemary.
“O que nos traz grande preocupação com esses pacientes de doenças cronicas, que devem agir rapidamente, não deixar a doença agravar e procurar um atendimento. E os casos de sintomas leves de síndrome respiratória fiquem em casa. Pessoas estão morrendo em casa, com certa a prefeitura vai ter um número maior do que vamos ter nos registros oficiais, estamos vendo os cemitérios com um aumento sistemático dos funerais”, disse.