EDITORIAL
MANAUS – A terceira onda da pandemia de Covid-19 chegou e chegou com força. Graças ao aumento da oferta de testes gratuitos na rede pública, há um retrato mais fiel do poder de infecção do vírus, com recordes de casos confirmados. Mas a realidade dos hospitais e cemitérios é totalmente diferente do que ocorreu na primeira e na segunda ondas.
Entre março e maio de 2020, quando a doença ainda era desconhecida, as pessoas não apenas ficaram assustadas, mas viram muitos tombarem. O mundo assistiu atônito à realidade de Manaus, com hospitais estrangulados, pacientes morrendo sem atendimento e enterros em covas coletivas no maior cemitério da capital.
Era a primeira onda, marcada pelo isolamento social (muito pelo medo que o vírus causava na população), com ruas vazias e as pessoas trancadas em casa. Mas havia exceções, como filas e aglomerações nas agências bancárias, o que contribuiu para a disseminação do vírus, com explosão de internações e mortes.
Na segunda onda, Manaus viveu seus piores dias da pandemia. Primeiro, com a explosão do número de casos. Mesmo com o aumento exponencial da oferta de leitos na comparação com a primeira onda, na rede pública e privada de saúde, não foi suficiente para atender a demanda.
Essa explosão de pessoas internadas, levou à falta do principal insumo que ajudava a manter os pacientes vivos: o oxigênio medicinal. O relaxamento das autoridades resultou num verdadeiro caos, que teve seu ápice no dia 14 de janeiro de 2021, quando dezenas de pacientes morreram asfixiados.
Naquele mês, no dia 20, o número diário de pessoas infectadas passou de 5 mil. E nos primeiros 20 dias de janeiro de 2021, 5.287 foram internadas com Covid-19. No mesmo período, morreram 2.106 em consequência da doença.
Neste ano, o número de casos confirmados diariamente ultrapassa a marca de 8 mil. Mas nos mesmos primeiros 20 dias de janeiro de 2022 o número de internações ficou em 782 pacientes e 37 mortes por Covid.
A diferença entre as duas primeiras ondas da pandemia e a terceira, que o mundo vive neste início de ano, é a vacinação. Muitos tentaram desencorajar a população, com informações falsas, com terrorismo psicológico, com ideologias rasas e pensamentos religiosos desprezíveis.
Felizmente, a maioria da população entendeu que vacinar é uma medida necessária para salvar vidas. Os fatos e a realidade jogaram por terra o argumento dos negacionistas. Como se dizia lá atrás, quando as vacinas ainda eram esperadas, a melhor maneira de enfrentar o vírus é a imunização.
Ela não evita o contágio, não evita que a possa fique doente e nem é 100% eficaz para evitar mortes, mas está provado que a vacina reduz drasticamente os casos graves da doença e o número de mortes.
É isso que o mundo está assistindo nesta terceira onda: uma explosão de casos, muitos deles com os pacientes assintomáticos, mas sem necessidade de internações da maioria dos que testam positivo. Os hospitais até aqui vêm suportando com folga a demanda, e nos cemitérios o tempo é de normalidade de sepultamentos.
Outro dado que deveria levar os negacionistas à reflexão é o que mostra que a maioria dos internados com Covid-19 em leitos clínicos e em UTI na cidade de Manaus não tomaram nenhuma dose de vacina ou não completaram o ciclo vacinal.