EDITORIAL
MANAUS – Passado o caos vivido no mês de janeiro e início de fevereiro, com hospitais lotados, falta de oxigênio e explosão de casos de Covid-19 com uma nova cepa do novo coronavírus, o Brasil começa a virar as costas para o Amazonas, precipitadamente.
O Ministério da Saúde, que instalou uma equipe na capital amazonense, já não tem mais a mesma dedicação depois que o número de mortes e de novos casos de pessoas infectadas caiu.
Os veículos de comunicação também não dão mais o mesmo destaque ao Amazonas despois que o Estado começou a aparecer no mapa em azul, com queda no número de mortes.
O problema do oxigênio foi resolvido. Já não falta mais nos hospitais e algumas soluções definitivas foram criadas, com a instalação de miniusinas em municípios do interior do Estado e algumas unidades de saúde da capital.
O comércio já começa a funcionar nesta segunda-feira, ainda com horário restrito, mas de portas abertas.
Essa reabertura das atividades econômicas, no entanto, deve ser cuidadosa, porque o vírus mortal ainda está na capital e no interior do Estado. De sexta até domingo, foram confirmados 4.367 novos casos da doença.
No entanto, alguns dos esforços que no momento mais crítico da pandemia no Estado se mostravam urgentes, não chegaram a ser concretizados.
Um exemplo: as 50 mil doses da vacina Coronavac, prometida pelo governador de São Paulo, João Dória, nunca chegaram e não tem perspectiva de data para chegar.
O ministro Eduardo Pazuello, na segunda-feira passada, veio a Manaus anunciar um plano ambicioso de vacinação que começaria por Manaus e Região Metropolitana, nesta segunda, 22. Não começou, não vai começar e não há mais data para vacinar as pessoas na faixa dos 50 a 69 anos.
No plano nacional de vacinação divulgado pelo ministro na quinta-feira, nenhuma menção ao Amazonas e ao anunciado plano de vacinação em massa para a região Norte.
De repente, parece que os problemas do Amazonas acabaram, desarmaram a tenta e foram embora. De repente, o Estado começa a ser esquecido, como sempre foi para o Brasil que funciona. O Amazonas só é visto pelo Brasil na tragédia.