Por Renato Machado, da Folhapress
BRASÍLIA – O diretor da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que os pacientes da operadora passaram a exigir a prescrição do chamado ‘kit Covid’ por causa das falas do presidente Jair Bolsonaro e outras personalidades.
“Quem prescreve qualquer medicação é o próprio médico e naquele momento houve, até devido a pronunciamentos não só da Presidência, mas de outras pessoas influentes também, uma série de pacientes exigindo a prescrição da medicação”, afirmou.
O diretor ainda completou que os medicamentos faltaram nas farmácias, por causa dessa grande procura.
“E as medicações foram extintas das farmácias naquele momento. Havia uma prescrição médica e começamos a receber uma série de pacientes exigindo que nós tivéssemos a possibilidade de oferecer a medicação após a prescrição do médico. Quando digo extintas, é que elas foram compradas das farmácias, de maneira tão eloquente, que as medicações não tinham mais nas farmácias”, completou.
Envio de kits aos pacientes
O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, negou que a operadora de saúde enviava um kit fechado aos pacientes, contendo medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.
“Nunca houve kit”, afirmou Batista Júnior em depoimento à CPI da Covid.
O diretor então afirmou que cada prescrição de medicamentos era feita de forma individualizada, de acordo com os sintomas dos pacientes e a autonomia do médico. Afirmou que existia uma grande autonomia para que seus profissionais escolhessem os tratamentos mais adequados.
Senadores reagiram à afirmação, acrescentando que o depoente mentiu. Alegaram deter provas de que os kits eram enviados de maneira estruturada. O dossiê produzido por médicos da Prevent e encaminhado à CPI conta inclusive com fotos desses kits que eram enviados.
Gabinete paralelo
Pedro Benedito Batista Júnior negou que tivesse relação com o chamado “gabinete paralelo”, estrutura de aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro para temas da pandemia, fora da estrutura do Ministério da Saúde. “Nenhuma relação (com gabinete paralelo), respondeu.
Questionado especificamente sobre nomes do gabinete, disse que a doutora Nise Yamaguchi mantém relação com a operadora por tratar pacientes do plano. “É uma médica que tratou pacientes que tinham o plano Prevent Senior”, afirmou.
O diretor também afirmou que ele e a operadora não têm ligação com o médico Paolo Zanotto, apesar de a comissão divulgar um vídeo de transmissão ao vivo na qual o médico afirmar que redigiu um “protocolo” para a Prevent Senior. “Não sei qual o protocolo que ele redigiu”, afirmou.
Denúnica de médico
O diretor da Prevent Senior evitou responder sobre as ameaças feitas a um ex-funcionário da operadora de saúde que denunciou pressão para recomendar o chamado “kit Covid” nos hospitais da rede, além de outras irregularidades.
O relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), divulgou áudio da conversa em que Batista Júnior teria feito as ameaças. O áudio foi divulgado pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (22).
O diretor não respondeu sobre o conteúdo da mensagem, se configuraria uma ameaça. Apenas disse que o médico cometeu um crime ao entrar no prontuário de pacientes que não eram os seus e extrair dados. “Além de subtrair os dados, ele expôs em um jornal”, afirmou, acrescentando que o médico ainda será alvo de novas investigações, além da já aberta no Conselho Regional de Medicina.