Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Policiais civis prenderam Hozana Carneiro Ximenes, de 35 anos, na manhã desta quinta-feira (10) no bairro Novo Israel, zona norte de Manaus. Em entrevista coletiva, o delegado Gerson Aguiar, do 10° DIP (Distrito Integrado de Polícia), afirmou que ela usava diploma falso de biomedicina. Segundo Gerson Aguiar, dez clientes sofreram mutilações nos procedimentos estéticos. O delegado disse que Hozana cobrava R$ 3 mil. Em média, essas intervenções por profissionais custam R$ 15 mil.
“O valor é o que mais chamava a atenção das mulheres. Um procedimento que custa R$ 15 mil hoje, ela cobrava R$ 3 mil. Inclusive, nós ouvimos donos de clínicas e eles diziam que não sabiam como ela fazia um procedimento daquele com preço tão barato”, disse Gerson Aguiar.
Aguiar disse que a investigação começou após o registro de diversas denúncias de vítimas que tiveram o corpo mutilado. Algumas foram internadas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em razão de complicações cardíacos. “Foram [casos] bem graves. Mutilações, problemas cardíacos, falta de prestação de socorro”, disse.
Segundo o delegado, o diploma falso tem identificação de uma faculdade de Manaus. Gerson Aguiar disse que a instituição educacional informou que a mulher nunca havia estudado lá, e o Conselho Regional de Biomedicina comunicou que não havia registro em nome dela.
O delegado revelou que Hozana atuou em clínicas nos bairros Cidade Nova, Eldorado e Dom Pedro. Segundo Gerson Aguiar, ela oferecia serviços por preços baixos porque usava produtos tóxicos. “Ela injetava produtos tóxicos nas pessoas. Produtos que hoje não podem [ser usados] e são muito baratos”, disse o policial.
Conforme Aguiar, uma das vítimas declarou à polícia que buscou o serviço em agosto de 2020 para procedimento nos seios e na boca. Os valores cobrados foram de R$ 3 mil e R$ 800, respectivamente. Após o atendimento, a mulher passou a sentir dores nos seios e verificou que havia manchas roxas, sintomas que perduraram por duas semanas.
Aguiar disse que a cliente buscou informações na internet e descobriu que outras mulheres se queixaram sobre as intervenções. Ela encontrou um perfil identificado como “Vítimas da bioplastia”, no qual aparecia que Hozana não tinha registro no Conselho Regional de Biomedicina.
Inicialmente, segundo Gerson Aguiar, foi solicitada a prisão preventiva de Hozana por suspeita de estelionato e lesão corporal. Depois foi acrescentada falsidade de documento público, omissão de socorro e exercício ilegal de profissão.
“Depois de tudo isso, tentamos localizá-la para interrogá-la. Ainda não havia mandado de prisão. Ela se furtava a ser localizada, se escondia em todo lugar. Já sabia que o procedimento estava rodando na polícia, não localizamos”, disse o delegado.