Por Julio Wiziack, da Folhapress
BRASÍLIA – O Ministério Público de Contas junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) enviou uma representação para que o tribunal apure possíveis desvios de finalidade na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
O pedido foi feito pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado junto ao TCU nesta terça-feira (17) após o ex-presidente da Americanas Sergio Rial ter revelado a existência de inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões no balanço da companhia.
“O objetivo é fiscalizar. Tão somente. Erro de bilhões põe uma pulga grande atrás da orelha”, disse Furtado à Folha.
No documento, o subprocurador pede que o tribunal avalie se houve “omissão na fiscalização da CVM no que diz respeito ao suposto esquema de fraude ocorrido da empresa Americanas e noticiado pelo Banco BTG Pactual”.
O banco entrou com um pedido na Justiça cobrando uma dívida de R$ 1,9 bilhão e levantou a suspeita de fraude em operações de crédito realizadas pela empresa que a deixaram nessa situação.
As operações, que envolveram outros bancos além do BTG, permitiram que a companhia comprasse mercadorias junto a fornecedores de forma parcelada, pagando juros. No total, cerca de R$ 20 bilhões em transações desse tipo ao longo dos últimos anos não foram registradas corretamente.
As ações da empresa derreteram após o problema ter se tornado público e o crédito da companhia sofreu restrição, algo que pode comprometer a sobrevivência do negócio.
O problema foi revelado pelo ex-presidente da Americanas Sergio Rial, que deixou o cargo junto com o diretor de relação com investidores, Rafael Crove, nove dias após assumir o posto.