Por Jullie Pereira, da Redação
MANAUS – O MP-AM (Ministério Público do Amazonas) instaurou inquérito civil para investigar possível nepotismo cruzado no gabinete do deputado estadual Adjuto Afonso (PDT). Segundo o MP, o caso envolve troca de apoio político na eleição de 2018.
A portaria informando a abertura de inquérito foi publicada no Diário Oficial do MP da última sexta-feira, 5.
Outros envolvidos não são citado pelo MP ao justificar o procedimento. “Instaurar Inquérito Civil, sob o nº 06.2018.00001708-3, tendo como fito investigar possível prática de nepotismo cruzado, o qual teria sido cometido pelo deputado Adjuto Afonso que, em troca de apoio político recebido, à época das eleições (sic). Neste Inquérito figurarão como investigados: Deputado Adjuto Afonso e outros”, diz o documento assinado pela promotora Sheyla Dantas Frota.
O fato é desdobramento de um procedimento preparatório instaurado em setembro de 2019 para apurar existência de funcionário fantasma no gabinete de Adjuto. A investigação, no entanto, mostrou a suspeita da existência de nepotismo cruzado. “Tal situação, no decorrer das investigações realizadas, apontam, na realidade, para a suposta prática de nepotismo cruzado”.
O MP solicitou à Chefia de Liderança do PDT que em 15 dias o partido “informe o nome da pessoa responsável pela indicação do servidor(a) sob investigação”. E também já destinou a tarefa de avaliação à análise jurídica do caso.
A reportagem entrou em contato com o deputado, mas não obteve retorno das ligações e mensagens. A reportagem também entrou em contato com a assessoria do deputado, que se comprometeu em enviar uma nota, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.
Nepotismo cruzado
Nepotismo cruzado acontece quando agentes públicos indicam para cargos públicos parentes uns dos outros, ou seja, entrando em acordo que beneficia seus familiares. “Acontece assim: você é secretária de saúde e eu sou de educação, você não pode colocar os seus parentes na secretaria e eu não posso nomear os meus. Então o que a gente faz? Você nomeia os meus na sua e eu nomeio os seus na minha”, explicou a advogada Denise Coelho.
A prática é uma forma de burlar o nepotismo tradicional, mas também é proibido juridicamente. “A ideia é fazer aquela maquiagem pra dizer que não estão fazendo nada de errado”, disse Denise.
Adjuto Afonso foi eleito deputado nos anos de 1998, 2006, 2010, 2014 e 2018. Em sua descrição no site Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas), ele se define como alguém que “acredita que a boa política é praticada com diálogo, presença, compreensão, amizade e, acima de tudo, ética, transparência e honestidade”.
Veja o inquérito civil completo: