Da Redação
MANAUS – A Polícia Civil prendeu Felipe Gomes de Araújo, 26, e João Victor da Rocha Maduro, 19, por envolvimento na morte do motorista de aplicativo de transporte, Higson Ramos Cavalcante, 49, assassinado a golpes de faca. Segundo o delegado Paulo Martins, Higson tentou fugir mas não conseguiu devido aos ferimentos causados pelos assaltantes. O motorista desapareceu na madrugada da última terça-feira, 3, após sair de casa, no bairro Santa Etelvina, zona norte, para trabalhar e foi encontrado na sexta-feira, 6, no Ramal do Brasileirinho, bairro Jorge Teixeira, zona leste.
Conforme Martins, um adolescente de 16 anos, envolvido no caso, foi apreendido no sábado, 7, por policiais militares. O adolescente informou que ele e os comparsas, Felipe e João, solicitaram corrida, via aplicativo, na madrugada de terça-feira, 3, e Higson, que estava nas redondezas do bairro Monte das Oliveiras, zona norte, os atendeu. “Os três adentraram no veículo com o intuito de roubar o celular da vítima, roubar a renda que ele tinha, de R$ 35 no bolso, e mais o veículo”, diz o delegado.
Martins disse que os homens entraram no carro e no bairro Tarumã anunciaram o roubo. “Levaram ele até a estrada do Tarumã, lá no local anunciaram o roubo, colocaram ele na mala do veículo e o levaram até o Ramal do Brasileirinho. Chegando no local eles resolveram matar a vítima”, informa Martins.
Paulo Martins informa que a motivação do assassinato teria sido a proximidade da residência de Higson com a dos assaltantes. “O menor afirma que eles resolveram matar a vítima porque ela residia no mesmo bairro que eles moravam e eles poderiam ser descobertos posteriormente”, fala o delegado.
Higson Cavalcante tentou escapar, mas não conseguiu, segundo Martins. “A vítima ainda tentou correr, correu para dentro do mato, mas já tinha uma perfuração no peito. Ele chegou a cair na frente, eles aproveitaram a queda da vítima na tentativa de fuga e terminaram o serviço”, diz. “As facadas algumas delas foram dadas pelo de menor e outras por um dos maiores, que seria o João Victor. O Felipe estaria dirigindo o carro”, completa o delegado.
João Victor nega que tenha matado o motorista. “Ninguém ia matar ninguém. Deu a doida do menor e ele que matou o motorista. Foi o menor que matou”, alegou.
Conforme o delegado, o adolescente apreendido confessou que a irmã solicitou a corrida, mas que ela não sabia que ocorreria o assalto. “A irmã do menor foi quem solicitou a corrida. Então através dela nós chegamos até o menor”, disse Martins.
Após abandonar o corpo, o trio precisou abastecer o veículo da vítima. “Logo após eles terem matado a vítima, o carro deu pane de combustível e eles no intuito de fugir do local, ficaram preocupados porque o carro estava sem combustível, pediram apoio a um morador do local. O morador veio até um posto de gasolina aqui próximo à delegacia, comprou combustível e retornou para o local. Eles colocaram combustível no veículo e saíram do local”, explica Paulo Martins.
O carro foi encontrado abandonado horas depois no bairro Monte das Oliveiras. De acordo com o delegado, o celular de Higson foi encontrado na manhã desta segunda-feira, 9, com a esposa de Felipe, um dos envolvidos.
Prisão
Conforme o delegado, Felipe e João se apresentaram na DEHS, mas não para se entregar. “Eles vieram aqui no intuito de tentar enganar a polícia. Chegaram dizendo que não tinham nada a ver com a história, que os nomes deles estavam rolando nas redes sociais, que não sabiam porque estavam sendo mencionados nas redes sociais”, diz Martins.
Apesar das negativas, ambos foram reconhecidos. “O menor fez o conhecimento fotográfico deles. A pessoa que trouxe eles até o posto de gasolina fez o reconhecimento fotográfico deles também e isso facilitou nosso trabalho”, disse.
Felipe Araújo danificou a tornozeleira que usava para participar do roubo, segundo o delegado. “O Felipe estava com tornozeleira, ele rompeu a tornozeleira dele. Sabendo que a polícia estava atrás dele, no mesmo dia que quis se apresentar na delegacia foi numa outra delegacia e fez um BO dizendo que tinha perdido a tornozeleira”, informa Paulo Martins.
Conforme o delegado, João Victor já tem envolvimento em outra ocorrência. “O outro também já responde por tráfico de drogas. Então todos já têm passagem pela polícia”, diz.
Insegurança
O motorista de aplicativo Edson Gonçalves, 49, que se uniu a outros motoristas de aplicativo que foram até a DEHS prestar apoio à família nesta segunda-feira, 9, lamenta o ocorrido. “É uma mescla de revolta, de solidariedade com a família, de pesar, de tristeza. Hoje o dia amanheceu muito triste para todos nós. A gente ainda está tentando entender porque que o simples fato de querer ficar com os bens, telefone e uma renda mínima, levou à morte do nosso parceiro”, diz.
Para Edson Gonçalves, não há segurança para ninguém. “Não só a nossa classe, mas o transporte público em geral, mobilidade urbana de Manaus, o mototaxistas, o ônibus coletivo, o ônibus especial, o transporte de Manaus está desprotegido, não temos segurança”, critica. “A gente sai de manhã para trabalhar com medo sem saber se a gente vai voltar para casa”, lamenta.
O motorista relembrou outros casos semelhantes ao de Higson. “Quatro motoristas já perderam a vida da mesma forma, sempre com um menor envolvido. A gente pode lembrar aqui o caso do parceiro Sidney, que foi encontrado por nós também em uma vala e agora o mais recente, o parceiro Higson infelizmente. E nada foi feito”, diz Edson.
(Colaborou Patrick Motta)