Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – A morte de um jovem de 16 anos por febre amarela em uma comunidade indígena na cidade de Letícia, na fronteira do Brasil com a Colômbia, em abril deste ano, gerou alerta das autoridades amazonenses para vacinar a população contra a doença.
A cidade colombiana tem acesso direto com o município de Tabatinga, mas também é próxima de Benjamin Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença e Santo Antônio do Içá.
Em comunicado de risco às secretarias municipais de Saúde do Amazonas, a FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde) recomenda “busca ativa de pessoas não vacinadas e revisão de carteira vacinal das que buscarem os serviços de saúde, especialmente de residentes e pessoas que circulam na região afetada”.
A fundação sugere, ainda, a implantação de vigilância sanitária em portos, aeroportos e fronteiras. Com a medida, agentes de saúde deverão solicitar a apresentação do CIVP (Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia) de viajantes.
De acordo com a FVS, no dia 5 deste mês o Instituto Nacional de Saúde da Colômbia confirmou o caso de febre amarela na Comunidade Indígena San Jose del Rio, em Letícia. Trata-se de um jovem indígena de 16 anos da etnia Kokama.
O jovem foi internado no Hospital San Rafael de Letícia no dia 31 de março com febre, mal estar geral com três dias de evolução, artralgia (dor nas articulações), dor abdominal, vômito e diarreia.
No mesmo dia, foi hospitalizado com suspeita de dengue e apresentou piora no quadro clínico geral “evoluindo ao óbito em 10 de abril de 2023”, diz o comunicado de risco da FVS.
O jovem passou por exames para Chikungunya e Zika e ambos tiveram resultado negativo. Apenas o teste de dengue com coinfecção de febre amarela deu positivo.
“A configuração final do caso, pelos estudos anatomopatológicos, corresponde à mortalidade por Dengue associada à Febre Amarela Silvestre [quando há transmissão em área rural ou de floresta], sendo este um caso isolado, pois até o momento nenhum outro caso associado ao evento foi encontrado”, diz trecho do comunicado de risco.
Alerta
No comunicado de risco, a FVS orienta que os municípios alertem os profissionais de saúde para o risco da ocorrência de casos em pessoas que residem ou tenham transitado na região do caso identificado, ou viajado para áreas com circulação viral.
De acordo com a FVS, o quadro clínico inicial de febre amarela é caracterizado por início súbito de febre alta, cefaleia intensa e duradoura, inapetência, náuseas e mialgia.
O uso de telas é recomendado para evitar o risco de acesso de mosquitos transmissores urbanos ou silvestres ao doente, que pode ser fonte de infecção.
A FVS cobra ações emergenciais de eliminação do Aedes aegypti, principalmente no ambiente dos casos internados, e o fortalecimento de ações de controle vetorial nas localidades situadas próximas às áreas de transmissão, visando reduzir os índices de infestação.
De 2016 a 2022, o Amazonas registrou 48 notificações de casos suspeitos para febre amarela e, destes, 16,7% (8) foram confirmados da forma silvestre e 79,2% (38) foram descartados.
Neste ano, o estado amazonense confirmou dois casos da doença. As ocorrências envolveram ambiente silvestre. “Após investigação e diagnóstico laboratorial por meio de métodos sorológicos (pesquisa de anticorpos anti-IgM reagente) e por métodos virológicos (RT-PCR detectável) houve a confirmação dos casos”, diz a FVS-AM.
O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos transmissores infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. A febre amarela tem importância epidemiológica por sua gravidade clínica e potencial de disseminação em áreas urbanas infestadas pelo mosquito Aedes aegypti.
Na região extra-amazônica, períodos epidêmicos são registrados ocasionalmente, caracterizando a reemergência do vírus no País. O padrão temporal de ocorrência é sazonal, com a maior parte dos casos incidindo entre dezembro e maio, e com surtos que ocorrem com periodicidade irregular, quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão (elevadas temperatura e pluviosidade; alta densidade de vetores e hospedeiros primários; presença de indivíduos suscetíveis; baixas coberturas vacinais; eventualmente, novas linhagens do vírus), podendo se dispersar para além dos limites da área endêmica e atingir estados das regiões Centro.
Leia na íntegra o comunicado de risco clicando aqui.
(Com informações do Ministério da Saúde)