MANAUS – O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), do faturamento da Zona Franca de Manaus (ZFM), do aumento dos orçamentos públicos de Manaus e do Governo do Estado são notícias boas. Mas precisam estar acompanhadas de melhorias na vida da população.
Foi anunciado pelo IBGE que o PIB, que significa a soma de todos os bens e serviços e toda riqueza produzida no país, cresceu 2,9% em 2023. É um ótimo resultado. Com isso, o país ficou mais rico, tanto que o Fundo Monetário Internacional (FMI) já considera o Brasil a 9ª economia do mundo.
Este dado positivo enfatiza que, pelo lado da população, o consumo das famílias aumentou devido à queda do desemprego, do aumento real do salário mínimo e da queda inflação. Ou seja, melhorou a renda das famílias.
Mas, mesmo assim, ainda tem milhões de pessoas passando fome, na insegurança alimentar e 21 milhões de famílias necessitando do bolsa família. Isso mostra que, apesar da riqueza ter aumentado, ainda está concentrada e mal distribuída.
Aqui no Amazonas, pelos dados da Suframa, a ZFM faturou cerca de R$ 170 bilhões em 2023, maior que o ano anterior, o que significa que teve mais vendas, mais lucros e mais arrecadação pública. Por isso, o Governo do Estado do Amazonas tem aprovado para este ano de 2024 cerca de R$ 30 bilhões e a Prefeitura de Manaus tem R$ 9 bilhões no orçamento público.
Apesar de todos esses números, no Amazonas, pelos dados de 2022, 55,1% da população vive com renda inferior a R$ 623 e mais de 650 mil famílias estão no programa Bolsa Família, o que representa mais da metade da população.
Muita riqueza gerada, muito orçamento dos governos, mas os serviços públicos continuam muito ruins.
Na saúde, a reclamação é diária. Nas UBS faltam medicamentos e nem sempre médicos estão presentes. Muitos exames básicos que poderiam ser realizados nas unidades básicas não ocorrem.
Filas enormes existem para consultas com médicos especializados, bem como de exames, cirurgias e internações, no sistema de regulação, que nem sempre funciona e de vagas nos hospitais, que estão superlotados. Aliás, há muitos anos não se constrói hospitais novos em Manaus.
O mesmo acontece na segurança pública, onde a população diariamente sobressaltada e com medo devido à violência diária e falta de providências.
A cidade que padece de planejamento, de cuidados com as ruas, com o sistema de transporte público, com a atenção às pessoas mais pobres, em situação de rua, às crianças e jovens sem alternativas de lazer, aos idosos sem praças seguras.
A riqueza gerada deve se transformar em qualidade de vida da população, principalmente nos serviços públicos. É um direito de cidadania, do lugar onde se mora, ser o melhor lugar do mundo.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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