MANAUS – Por dois dias seguidos, a capital amazonense amanheceu encoberta de fumaça que os governantes e autoridades ambientais ainda não conseguiram explicar a origem do fenômeno. Nesta sexta-feira, 2, a cidade voltou a apresentar uma cortina de fumaça, menos densa que a apresentada na quinta, 1º, mas com os mesmos efeitos colaterais. É o que alerta o médico sanitarista e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Menabarreto França.
Militante em causas ambientais, o médico afirmou que essa fumaça tem dois grandes impactos de repercussão: ambiental e de saúde. Ele responsabiliza o governo e a Prefeitura de Manaus por omissão em não combater o problema de frente. Segundo ele, não há planejamento estratégico e direto com políticas públicas para agir de forma coercitiva no combate às queimadas e incêndios florestais que acontecem neste período do ano.
“A cidade tem vários focos todos os dias e os nossos governantes só falam em planejamento, mas não apresentam propostas diretas para solucionar esse problema, que já é recorrente. O Ipaam e a Semmas não têm técnicos suficientes para levantar o foco dos incêndios e combater efetivamente”, criticou o especialista.
Ele também chamou a atenção para a omissão dos Ministérios Públicos do Estado e Federal e até o Ibama para o problema e afirmou que vai cobrar medidas mais firmes destes órgãos no que diz respeito à proteção ao meio ambiente e combate às queimadas. “Isso é muito sério e as autoridades e governantes não estão tomando providências”, acrescentou Menabarreto.
Do ponto de vista da saúde, o médico afirma que o impacto da fumaça tem repercussão direta a curto, médio e longo prazo. Segundo ele, a inalação dos folículos da fumaça cria uma pré-disposição para doenças como asmas, enfisema pulmonar, gripes agudas, repercussão no coração com problemas cardíacos, repercussão na bexiga, com doenças renais, entre outras inúmeras doenças respiratórias.
“As pessoas estão enchendo os prontos-socorros. A inalação dessa fumaça gera uma repercussão séria na saúde. É a produção de monóxido de carbono e dióxido de enxofre aliado à fumaça e os combustíveis fósseis queimados pelos veículos. Estamos sofrendo e os governantes não estão apresentando propostas para solucionar esse problema”, disse o médico.
O AMAZONAS ATUAL procurou o MPE para saber quais medidas está tomando ou vai tomar a respeito da fumaça que invadiu a cidade, mas não obteve respostas. A assessoria de imprensa do MPF informou que à princípio não vislumbrou nenhuma ação nesse sentido e que nenhuma atuação foi instaurada, mas isso não impede de o órgão ser provocado pela sociedade, caso aparecem fatos sobre queimadas em áreas federais.
O Ipaam informou que antecipou para esta sexta-feira uma frente de trabalho de combate às queimadas na Região Metropolitana de Manaus. Em nota, o órgão afirmou que a fumaça que invadiu a cidade é oriunda de 47 mil focos de calor na Amazônia Legal, sendo que o Amazonas é responsável por 5 mil focos. Queimadas no oeste do Pará seriam os principais responsáveis pela fumaça que chegou a Manaus.