Da Redação
MANAUS – Entre os dias 1º e 28 de fevereiro deste ano os alertas de desmatamento na Floresta Amazônica indicaram um total de 199 quilômetros quadrados desmatados. Isso representa um aumento de 62% em relação ao mesmo mês de 2021. Os dados são do sistema Deter, do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), divulgados nesta sexta-feira (11).
De acordo com o monitoramento, é a maior área com alertas para o mês desde 2016, quando começaram as medições do Deter. Os alertas de desmatamento se concentram principalmente nos estados de Mato Grosso, Pará e Amazonas.
“Os dois primeiros meses deste ano tiveram áreas recordes da série histórica, no acumulado já são 629 km² mais do que o triplo do que foi observado no ano passado, 206 km² desmatados . Isso tudo em um período no qual o desmatamento costuma ser mais baixo por conta do período chuvoso na região. Este aumento absurdo demonstra os resultados da falta de uma política de combate ao desmatamento e dos crimes ambientais na Amazônia, impulsionados pelo atual governo”, afirmou Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil.
Publicado na última segunda-feira (7), um estudo da Universidade de Exeter, da Inglaterra, revelou que a floresta amazônica está perdendo sua capacidade de manutenção, chegando em um “ponto de não retorno”. Segundo a pesquisa, três quartos da floresta estão apresentando uma resiliência cada vez menor contra secas e outros eventos climáticos adversos e, portanto, estão menos capazes de se recuperar.
Assim, a previsão é de que grandes áreas começarão a se transformar em um bioma mais parecido com uma área de floresta degradada e mais seca, gerando riscos para a biodiversidade e para o clima em escala global e intensificando a ocorrência de eventos climáticos extremos.
Rômulo Batista considera que os dados de fevereiro apontam para mais um ano em que o Brasil caminha na contramão do combate à destruição ambiental e dos direitos dos povos indígenas.
“Na mesma semana em que milhares de pessoas se reuniram em Brasília, no Ato pela Terra, para exigir que o governo e o Congresso parem com o Pacote da Destruição, esse estudo publicado, a aprovação de urgência do PL da mineração em terras indígenas e os recordes dos alertas de desmatamento nos levam a refletir sobre o destino da Amazônia e seus povos. Além disso, quanto mais desmatamento, maior é a contribuição do país com a emissão de gases do efeito estufa, agravando ainda mais a crise climática e acelerando os eventos extremos como as chuvas torrenciais que vimos esse ano no Brasil”, disse.