
Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – “Só os psicopatas são capazes de fazer isso”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta quarta-feira (19), ao rebater a declaração do senador Plínio Valério (PSDB) sobre “tolerar” ela por seis horas e dez minutos “sem enforcá-la”.
“Com a vida dos outros não se brinca. Quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça aos outros de brincadeira e rindo, só os psicopatas são capazes de fazer isso”, afirmou Marina, no programa Bom Dia, Ministra, transmitido pelo Canal GOV no Youtube.
A declaração de Plínio foi dada na última sexta-feira (14) em evento da Fecomércio em Manaus. Ao criticar as ações do Ministério do Meio Ambiente, o senador relembrou que a ministra esteve no Senado Federal para responder perguntas de parlamentares na CPI das ONGs, presidida por ele.
“A Marina esteve na CPI das ONGs seis horas e dez minutos. Imagina o que é tolerar a ministra Marina Silva seis horas e dez minutos sem enforcá-la”, disse Plínio a empresários e políticos.
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Ao ser questionada sobre o ataque, Marina condenou a declaração do parlamentar e a classificou como violência política de gênero. “Estamos no mês das mulheres. A violência política de gênero acontece o tempo todo”, disse a ministra.
“Se uma mulher que consegue se tornar governadora, prefeita, deputada, senadora, ministra sofre política de gênero, quanto mais as mulheres de modo geral, aquelas que não estão de posição de visibilidade”, completou Marina.
A ministra disse que a declaração de Plínio incita a violência. “Eu sofri agora pela manifestação de um senador que fez um afirmação de que era muito difícil para ele ficar conversando comigo durante seis horas sem me enforcar”, afirmou Marina.
“Eu fico imaginando alguém que é ministra do Meio Ambiente, que é conhecida dentro e fora do país, tem que ouvir uma coisa dessa de alguém incitando a violência por discordar de alguém”, disse.
“Isso é uma forma de incita a violência contra uma mulher. Dificilmente talvez isso fosse dito se o debate fosse com um homem”, completou.
A ministra também afirmou que foi alvo da ação por ser mulher, negra e de origem humilde. “É dito porque é com uma mulher, uma mulher preta, de origem humilde, e que tem uma agenda que em muitos momentos confronta os interesses de alguns que, no meu entendimento, deveria ficar apenas no espaço da divergência política, e não no incentivo à violência”, disse Marina.