Da Redação
MANAUS – Ex-deputada e candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) nas eleições presidenciais de 2018, Manuela D’Ávila (PCdoB) confirmou, em nota, que repassou o contato do jornalista Glenn Greenwald a um hacker em maio do ano passado.
O nome da jornalista apareceu nas investigações da Polícia Federal, que prendeu na terça-feira, 23, quatro pessoas suspeitas de invadir os aplicativos de aparelhos celular de autoridades brasileiras, entre elas o ex-juiz e ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador Deltan Dellagnol, coordenador da Lava Jato.
Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, 30, um dos quatro presos sob suspeita de ter hackeado os celulares, afirmou que obteve o contato do jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, por meio da ex-deputada Manuela D’Ávila.
Em nota, D’Ávila diz que teve o aplicativo Telegram invadido e que no mesmo dia recebeu mensagem de pessoa que se identificou como “alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras”.
Manuela D’Ávila diz que o hacker não se identificou e disse que queria divulgar o material, mas ela imaginou se tratar de alguma armadilha montada por adversário político.
“Por isso, apesar de ser jornalista e estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.”
Confira a nota de Manuela D’Ávila:
NOTA À IMPRENSA
Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:
1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.
2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.
3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.