Por Ana Carolina Barbosa, especial para o Amazonas Atual
Manaus tem a oitava tarifa de transporte coletivo mais cara entre as 26 capitais e o Distrito Federal, aponta um levantamento atualizado na última quinta-feira, 16, pela Associação Nacional de Transportes públicos (ANTP), através do Sistema de Informação da Mobilidade Urbana. Entre as cidades da região Norte listadas, a capital amazonense é a que apresentou o maior valor tarifário: R$ 3 pela passagem inteira. Outros 21 municípios entre capitais e cidades com mais de 500 mil habitantes inseridos no levantamento cobram valores acima de R$ 3,00, variando até R$ 3,50, caso de São Paulo.
O último reajuste homologado em Manaus ocorreu em janeiro deste ano, elevando em R$ 0,25 o valor da tarifa inteira. Atualmente, cerca de 450 mil pessoas utilizam diariamente o sistema na capital, 22% (198 mil) deles usuários de meia passagem, benefício disponível apenas a estudantes, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Manaus (Sinetram), entidade que representa as dez empresas que possuem a concessão do serviço na cidade.
O número total de usuários corresponde a 22,3% da população da capital, se considerada a projeção mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2012, a qual apontou 2.020.301 moradores em Manaus.
Faturamento diário
A quantidade de pessoas que utilizam o transporte coletivo convencional paga o equivalente a R$ 2,4 milhões/dia por um serviço que, frequentemente, é alvo de reclamações. São R$ 2,1 milhões gerados através da passagem inteira e outros R$ 297 mil, pagos por estudantes ao dia. Os valores consideram passagens inteiras e meias passagens (ida e volta). “O transporte público de Manaus é uma verdadeira tortura: não há paradas de ônibus, os coletivos são antigos ou pintados de novos, postos de compra de passagem ultrapassados. Em suma, o caos”, opinou o administrador Raphael Antonio Queiroz Russo.
Atualmente, segundo o Sinetram, Manaus dispõe de 1,4 mil ônibus, operando em todas as zonas com 214 linhas. Nos últimos cinco anos, as empresas adquiriram 1,1 mil novos veículos convencionais, o que deixou a frota com uma idade média de três anos, quando o recomendado é de até seis anos.
Reajustes tarifários
O Sinetram explica em nota que, durante a gestão do ex-prefeito Amazonino Mendes, houve apenas um reajuste e, na atual gestão, houve a redução do valor e a implantação do subsídio, em julho de 2013. O último reajuste, que seria para R$ 3,15, ocorrido este ano, foi mantido em R$ 3 por conta da manutenção desse subsídio, feita tanto pela Prefeitura de Manaus, quanto pelo governo do Estado.
Mas, se considerada a série histórica de dez anos, disponível no site da ANTP, entre 2005, quando a passagem inteira custava R$ 1,50, e este ano, o reajuste foi de 100%, ou, R$ 0,36 a mais que o valor que poderia ser considerado com base na inflação acumulada no período (cálculo baseado no IGPM-FGV). O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) aponta uma correção de 75,9% entre janeiro de 2005 e junho deste ano, o que elevaria a tarifa para R$ 2,64.
O Sinetran informou que cabe à Prefeitura de Manaus, através da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), calcular o valor da tarifa em Manaus, mas destacou que “o custo dos insumos em Manaus é um dos cinco maiores do país devido à logística”.
Justificativa
Em nota, a SMTU informou que o valor da tarifa é subsidiado em R$ 0,15, em Manaus e que o cálculo do valor final considera uma metodologia do Ministério dos Transportes, utilizada pela maioria das cidades brasileiras.
A assessoria justificou que as frequentes reclamações sobre a qualidade do serviço são decorrentes do grande número de usuários/mês do sistema. “Mensalmente, são registradas cerca de 24 milhões de passagens no sistema de transporte coletivo de Manaus, incluindo os usuários pagantes e os não pagantes que têm direito à gratuidade, portanto, sempre haverá um índice de reclamações, pois se trata de um quantitativo grande de pessoas”, alega o órgão em nota.
Para a SMTU, a melhoria da qualidade da prestação do serviço está relacionada com a melhoria da infraestrutura, aliada à utilização de novas tecnologias, algo em que a prefeitura vem investindo, a exemplo da reforma de terminais de integração, terminais de bairro, abrigos e implantação das faixas exclusivas para os ônibus.
Além disso, de acordo com o órgão, está em fase final a elaboração do plano de mobilidade urbana e em funcionamento um moderno sistema de monitoramento do transporte coletivo, que possibilita, através do Centro de Controle Operacional, saber em tempo real, informações operacionais das linhas de ônibus.
Confira as tarifas praticadas nas capitais: