
Do ATUAL
MANAUS – Conciliar preservação ambiental com desenvolvimento urbano em Manaus é um desafio para os arquitetos e urbanistas, afirma a arquiteta Melissa Toledo. Neste artigo, ela analisa essa situação e os obstáculos que a cidade impõe aos profissionais.
Entre florestas e cidades: a prática do arquiteto e urbanista no Amazonas
Por Melissa Toledo
Ser arquiteta e urbanista no Amazonas envolve um conjunto de desafios e oportunidades únicas devido à diversidade e complexidade da região, incluindo a sua extensão territorial. A urbanização no estado é marcada por uma dinâmica peculiar, com o crescimento das cidades, especialmente Manaus, que é o centro econômico e cultural do estado, mas também a presença de muitos municípios, cidades, comunidades … que por questão da peculiaridade da nossa geografia, temos uma integração da paisagem natural e a paisagem construída, resultando nas cidades, nas comunidades da nossa região.
O Estado do Amazonas, localizado na Região Norte do Brasil, apresenta um contexto urbano e ambiental único, com os desafios específicos tanto para a conservação e preservação da floresta quanto para o crescimento das cidades. O arquiteto e urbanista, nesse cenário, desempenha papel crucial pois sua atuação precisa equilibrar a sustentabilidade ambiental e a necessidade de desenvolvimento urbano em um dos maiores e mais complexos biomas do planeta.
A cidade de Manaus, maior e mais importante centro urbano do estado, é um exemplo de como a expansão urbana tem se dado de forma acelerada e, muitas vezes, sem considerar as peculiaridades ambientais da região. O aumento da população e a busca por melhores condições de vida, emprego e infraestrutura resultam em um crescimento desordenado, que muitas vezes colide com os princípios de sustentabilidade.

A falta de planejamento urbano adequado, aliado à escassez de recursos naturais, impõe sérios obstáculos ao arquiteto e urbanista. Estes profissionais são desafiados a projetar soluções criativas e inovadoras que atendam às necessidades da população, ao mesmo tempo que minimizem os impactos ambientais.
A atuação do arquiteto e urbanista no Amazonas vai além da simples construção de edifícios e infraestrutura. A prática profissional envolve um profundo entendimento do território, do clima tropical, das características da flora, fauna, da cultura, dos locais e das necessidades da população amazônica. Além disso, o uso de materiais, a adaptação às condições climáticas, e a promoção de soluções que respeitem e integrem a biodiversidade local são aspectos fundamentais para um trabalho bem-sucedido, a médio longo prazo.
Em um cenário urbano como dos municípios e capital do Estado do Amazonas, o Arquiteto e Urbanista deve projetar com a realidade da região em mente: a alta umidade, as chuvas intensas, o calor extremo e a vegetação densa. São necessárias estratégias que promovam ventilação natural, eficiência energética, drenagem de águas pluviais e o uso de tecnologias de baixo impacto ambiental.
Além disso, é essencial que esses profissionais considerem o contexto social, cultural e econômico da população. A prática do arquiteto no Amazonas deve ser voltada para o fortalecimento da identidade local, respeitando as culturas indígenas e ribeirinhas e as especificidades das comunidades em áreas urbanas e rurais.
E diante de tantos os pontos importantes quais são, de fato, os desafios do Arquiteto e Urbanista a nossa região?
- Desafios geográficos e ambientais: O Amazonas possui uma vastidão territorial, com muitas áreas de difícil acesso, como comunidades ribeirinhas e zonas de floresta densa. O urbanista precisa lidar com essas dificuldades de transporte, comunicação e abastecimento para propor soluções viáveis de infraestrutura e serviços urbanos.
- Sustentabilidade e preservação ambiental: O estado abriga a maior parte da Amazônia, um bioma de importância global. Um urbanista precisa, portanto, conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental. Projetos que busquem reduzir o impacto da urbanização sobre a floresta, como a utilização de tecnologias sustentáveis e o planejamento de cidades mais verdes, são essenciais.
- Expansão urbana e crescimento populacional: Com o crescimento populacional, principalmente em Manaus, há uma pressão por infraestrutura, transporte público e moradia. O urbanista deve lidar com a ocupação desordenada, a falta de planejamento e as dificuldades de oferecer serviços essenciais à população crescente. Isso inclui o desafio de integrar novas áreas urbanas à cidade existente.
- Questões culturais e sociais: O Amazonas é um estado de grande diversidade cultural, com populações indígenas, ribeirinhas e migrantes. Os projetos urbanos precisam considerar essas diferenças e promover inclusão, acessibilidade e respeito às identidades culturais locais. Além disso, o urbanista deve trabalhar para reduzir desigualdades sociais, criando soluções que beneficiem toda a população, principalmente nas áreas mais periféricas.
- Tecnologia e inovação: Manaus, sendo um polo industrial, também oferece oportunidades para um urbanismo mais moderno e inovador. O uso de tecnologias para otimizar o trânsito, melhorar a gestão de resíduos, monitorar o meio ambiente e oferecer uma melhor qualidade de vida à população são pontos de destaque na atuação de urbanistas na região.
- Políticas públicas e colaboração: Trabalhar como urbanista no Amazonas também implica estar em constante diálogo com os órgãos públicos e a sociedade. As políticas públicas precisam ser desenhadas de forma a contemplar as necessidades específicas do estado, equilibrando os interesses do crescimento urbano com a preservação ambiental e a melhoria das condições de vida.
Estar atuando na região como Arquiteta e Urbanista no Estado do Amazonas, me dá um sentimento de gratidão e de uma enorme responsabilidade, pois envolve o planejamento de espaços urbanos que atendem a uma população diversa, com diferentes necessidades e realidades. A qualidade de vida da sociedade amazonense depende diretamente de um urbanismo inteligente e sustentável, que respeite o meio ambiente, seja inclusivo e proporcione melhores condições de vida para todos. O urbanista, portanto, desempenha um papel fundamental na construção de um futuro mais justo, saudável e equilibrado para a população do Amazonas.
Melissa Toledo é arquiteta e urbanista do Amazônia Arquitetura e Urbanismo e vice-presidente do CAU-AM (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas).