Estudo considera a mobilidade urbana, condições ambientais, habitação, atendimento de serviços coletivos e infraestrutura
MANAUS – Um estudo realizado pelo Observatório das Metrópoles do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia mostra que a Região Metropolitana (RM) de Manaus apresenta-se como a segunda pior dentre as 15 regiões metropolitanas do Brasil, no cálculo do Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu) Global. O Observatório das Metrópoles não divulgou o ranking das 15 capitais pesquisadas. O estudo foi concluído em agosto de 2013.
O Ibeu é calculado a partir de cinco indicadores (que no estudo são chamados de dimensões): mobilidade urbana; condições ambientais urbanas; condições habitacionais urbanas; atendimento de serviços coletivos urbanos; infraestrutura urbana. Em três dessas dimensões, Manaus ficou em 14º lugar em relação às 15 regiões pesquisadas. Na dimensão infraestrutura urbana a RM de Manaus ficou em 13º lugar e na dimensão mobilidade urbana, em 9º lugar.
O estudo avaliou os oito municípios e 45 áreas de ponderação consideradas urbanas, áreas essas que seguem limites semelhantes ao limites dos bairros. Manaus é o município que possui o maior número de áreas de ponderação em áreas urbanas: 33 delas. Itacoatiara e Manacapuru possuem três cada, Iranduba detém duas e os municípios de Careiro da Várzea, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva possuem apenas uma cada.
Desse total de 45 áreas de ponderação, dez (22,22%) estão no que é definido pelo Ibeu como muito ruim (0,001 – 0,500); no nível tido como ruim (0,501 – 0,700) concentra-se o maior número de áreas de ponderação da RM de Manaus, pouco mais de 55,5%, ou seja, 25 delas; já nas localidades que apresentam nível médio (0,701 – 0,800) estão nove áreas de ponderação (20%) e apenas uma área de ponderação se encontra no nível tido como bom (0,801 – 0,900). Nenhuma área de ponderação da RM de Manaus está presente no nível tido como muito bom do IBEU (0,901 – 1,000).
A média do IBEU Local de Manaus é de 0,608, ou seja, está no nível considerado ruim. O curioso é que o melhor (0,806) e o pior (0,348) índice pertencem às áreas de ponderação do município de Manaus, algo que evidencia a desigualdade no que tange a distribuição do equipamento e serviços públicos no município que é o centro metropolitano.
Mobilidade urbana
A dimensão mobilidade urbana é composta somente por um indicador, que avalia o tempo de deslocamento gasto pelas pessoas que trabalham fora no percurso entre casa e trabalho, considera-se como adequado para essa dimensão aqueles que levam até uma hora para realizar esse deslocamento. Com esse dado, calcula-se a proporção de pessoas consideradas adequadas em relação ao total de pessoas que se deslocam diariamente para trabalhar.
O estudo aponta a área de ponderação Colônia Terra Nova, localizada no município de Manaus, como o pior índice (0,002) no quesito mobilidade urbana. O melhor índice foi identificado na área de ponderação urbana do município de Careiro da Várzea (1,000), considerado também o melhor índice do Brasil. A posição do Careiro da Várzea se explica pela distância entre a casa e o trabalho e não pelo sistema de transporte adotado.
Condições ambientais
A segunda dimensão do IBEU avalia as condições ambientais urbanas, que abrange os seguintes indicadores: arborização no entorno dos domicílios; esgoto a céu aberto no entorno do domicílio e lixo acumulado nos logradouros. Nesse item, Manaus ficou com apenas 0,366, o que deixa a capital amazonense no nível muito ruim do índice.
A área de ponderação com o pior índice no município de Manaus fica na região centro-oeste, compreendida entre os bairros Redenção e da Paz (0,112). O município com o melhor índice, no nível considerado muito bom, é Itacoatiara (1,000).
Habitação
A dimensão 3 avalia as condições habitacionais urbanas e considera os seguintes indicadores: aglomerado subnormal (neste quesito, é tido como adequado a ausência de pessoas vivendo em aglomerados subnormais); densidade domiciliar (proporção de pessoas que residem em domicílios com até duas pessoas por dormitório); densidade de banheiro (proporção de pessoas que vivem em domicílios com até 4 pessoas por banheiro) e parede (proporção de pessoas que residem em domicílios com material de parede tido como adequado). Nessa dimensão a RM de Manaus aparece novamente em 14º lugar quando comparada às outras RMs do Brasil.
Serviços urbanos
Atendimento domiciliar de serviços coletivos urbanos é a quarta dimensão do Ibeu, e é composta pelos seguintes indicadores: atendimento de água (proporção de pessoas que residem em domicílios com atendimento adequado de água); atendimento de esgoto; coleta de lixo; atendimento de energia. Nessa dimensão a RM de Manaus ocupou novamente a penúltima colocação na comparação entre as 15 RMs estudadas, com a média na escala local para a região metropolitana de Manaus de 0,647.
O município de Manaus apresenta o melhor e o pior índice, estando o melhor na área de ponderação do bairro Nossa Senhora Aparecida com índice muito bom de 0,936 e o pior índice pertencente à área de ponderação da região do Puraquequara, com índice considerado muito ruim (0,332). Onze das 12 áreas de ponderação encontradas nos níveis tidos como bom ou muito bom do índice estão localizadas no município de Manaus.
Infraestrutura
A quinta e última dimensão está relacionada à infraestrutura urbana, e deixou a RM de Manaus em 13º no ranking nacional. Tal dimensão é composta pelos seguintes indicadores: iluminação pública; pavimentação; calçada; meio-fio/guia; bueiro (boca-de-lobo); rampa para cadeirante e identificação de logradouro. Todos esses indicadores foram avaliados de acordo com sua presença no entorno dos domicílios observados.
Manaus abriga as únicas duas áreas de ponderação que apresentam nível bom, já que não há nenhuma na região metropolitana em um nível muito bom. O maior índice está na área de ponderação de Nossa Senhora Aparecida (0,885), seguida por Adrianópolis (0,811). O pior índice dessa vez não se encontra em Manaus, mas no município de Itacoatiara, que possui duas de suas três áreas de ponderação estudadas no nível muito ruim do índice (0,143).
A maior parte das áreas de ponderação estão no nível classificado pelo índice como ruim (0,501 – 0,700), totalizando 21 áreas de ponderação em um total de 45 de toda RM, algo próximo de 46,67%.
Para consultar o estudo sobre o Ibeu da RM de Manaus, clique aqui.