Por Estelita Hass Carazzai, da Folhapress
CURITIBA – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi autorizado, nesta sexta-feira, 01, a sair temporariamente da prisão, na Polícia Federal em Curitiba, para ir ao velório e enterro do neto. Arthur Araújo Lula da Silva, 7, morreu nesta manhã em decorrência de uma meningite.
A autorização foi concedida com base na Lei de Execução Penal, que estabelece a previsão de saída temporária de presos para velórios e enterros de familiares, incluindo descendentes.
Ele seguirá para São Paulo em aeronave do governo do Paraná, cedida a pedido da Polícia Federal, pelo governador Ratinho Júnior (PSD).
Ao contrário do que ocorreu no passado, quando outros pedidos semelhantes do ex-presidente foram negados, os advogados de Lula se comprometeram a “não divulgar qualquer informação relativa ao trajeto que será realizado” e disseram que irão informar o local da cerimônia de sepultamento “diretamente à autoridade policial”.
A militância, desta vez, também decidiu não fazer atos em frente à Polícia Federal -numa tentativa de “garantir todo o respeito e condições necessárias para que, ainda hoje [sexta], Lula tenha o direito de se despedir do neto querido”, segundo nota assinada pela Vigília Lula Livre.
Horas depois do pedido da defesa, o processo de execução penal de Lula, conduzido pela juíza Carolina Lebbos, foi colocado em sigilo nível 4. Assim, ele só pode ser visualizado pelo juiz e alguns servidores da vara.
No mês passado, a PF negou autorização para que o ex-presidente saísse da prisão para ir ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, sob o argumento de falta de aeronaves e de risco à segurança de Lula e à ordem pública.
Arthur visitou o avô por duas vezes na sede da Polícia Federal, no ano passado. Era filho de Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente e da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
A superintendência da PF em Curitiba está em regime de plantão até quarta-feira, 06, em razão do feriado de Carnaval e de uma dedetização do prédio agendada para esta sexta-feira, 01.
Arthur
Arthur nasceu durante o tratamento de Lula contra um câncer de laringe, em janeiro 2012. O ex-presidente a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em 2017, visitaram o recém-nascido na maternidade São Luiz, no Itaim Bibi (zona oeste da capital paulista). O petista, que na ocasião estava careca por causa da quimioterapia, posou para fotos com o bebê no colo. As imagens foram divulgadas por sua assessoria.
Meses depois, em julho, Lula levou o menino para um ato com o então prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), que disputaria a reeleição. A Folha de S.Paulo registrou o ex-presidente segurando Arthur no palanque ao lado da então presidente Dilma Rousseff (PT). O garoto foi o sexto neto de Lula. O avô também compareceu ao batizado dele, em 2013, em uma igreja de Santo André.
O nome do menino voltou a aparecer no noticiário em 2016, quando foram publicadas fotos de pedalinhos no sítio em Atibaia (SP) frequentado pela família do ex-presidente. Imagens feitas pela TV Globo mostraram que os nomes de Arthur e Pedro, ambos netos do petista, estavam estampados nas capas dos dois pedalinhos em formato de cisne que ficavam no lago da propriedade.
No mês passado, Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no processo que envolve o sítio.
A Justiça concluiu que reformas feitas no imóvel foram pagas pela Odebrecht e pela OAS com dinheiro desviado de contratos da Petrobras. A defesa do petista recorre da decisão.
Preso em Curitiba desde abril de 2018, após ser condenado no caso do tríplex de Guarujá, o ex-presidente recebeu a visita de Arthur e dos pais dele já na segunda semana de reclusão.