Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Investigações da Polícia Federal apuraram que o advogado e ex-deputado estadual Lino Chíxaro, alvo de busca e apreensão na sexta-feira, 19, na Operação Vertex, quinta fase da Operação Maus Caminhos, sabia que seria alvo da fase ostensiva da Operação Cashback, deflagrada em outubro de 2018, e, por isso, trocou o celular e, no dia da operação, entregou à polícia um aparelho sem informações. Para a PF, a atuação de Lino naquela ocasião demonstrou “clara intenção” em “obstruir os trabalhos da Justiça”.
Ainda conforme a Polícia Federal, as investigações identificaram que o ex-deputado estadual usava outro celular até a véspera da deflagração da Operação Cashback, mas esse aparelho não foi encontrado durante as buscas na casa dele.
“Lino Chíxaro possuía conhecimento de que seria alvo de busca e apreensão e a data da deflagração da Operação Cashback, tendo se preparado para o fato, inclusive, trocando, propositalmente, seu aparelho celular e entregando na busca e apreensão um aparelho sem informações”, afirmou a PF em pedido para fazer busca e apreensão na casa de Chíxaro no condomínio Ephygênio Salles, zona centro-sul de Manaus.
Consta na decisão do juiz federal Marllon Souza, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal do Amazonas, que a Polícia Federal argumentou que nas fases anteriores da Operação Maus Caminhos “foram revelados indícios de que alguns alvos possuíam conhecimento prévio acerca da deflagração da operação, o que teria levado à destruição de provas”.
Corrupção ativa
Na Operação Cashback, Lino foi preso temporariamente sob suspeita de ter cometido delitos como “peculato, lavagem de dinheiro, associação criminosa e integração em organização criminosa”. Na Operação Vertex, que chega ao ‘ponto alto’ da Maus Caminhos, o advogado é investigado por “coautoria nos crimes de corrupção ativa” ao agir, junto com Omar Aziz, em 2016, para brecar reforma administrativa do governo Melo que transformaria unidades estaduais de saúde em UBSs (Unidade Básica de Saúde).
De acordo com a Polícia Federal, a medida do governo para reduzir gastos impactaria no faturamento do INC (Instituto Novos Caminhos), que geria a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Campos Salles, pois caso a medida fosse colocada em prática, a unidade estadual passaria a ser gerida pela Prefeitura de Manaus. A PF identificou mensagens que mostram o esforço de Mouhamad à época para reverter a decisão do governo.
“Mouhamad tem ajuda de Lino Chíxaro para fazer valer suas razões diante de Omar Aziz, o qual aparentemente ordena ao secretário estadual de Saúde à época, Pedro Elias, a reverter a reforma administrativa intentada pelo Estado”, diz trecho da decisão.
A PF afirma que os indícios “mais pungentes” da ação de Mouhamad, Lino e Omar são os áudios enviados pelo ex-deputado estadual ao secretário Pedro Elias no dia 19 de maio de 2016, nos quais Lino faz referências indiretas a Omar Aziz o chamando de “nosso amigo” ou “nosso amigo de Brasília” (à época Omar era senador). No mesmo dia, Lino enviou mensagem a Mouhamad afirmando que o “nosso grande amigo” trabalharia para reverter a decisão do governo e o médico da Maus Caminhos respondeu que “um esporro do Omar” faria o secretário Pedro Elias “tremer”.
Nesta sexta-feira, em resposta a publicações de blogs de Manaus, os advogados de Lino Chíxaro divulgaram nota afirmando que “ao contrário do que foi veiculado por parte da imprensa local, não teve contra si qualquer prisão decretada pela Operação Vertex”. A nota também diz que o ex-deputado estadual está “como sempre, à disposição de esclarecimentos à Justiça, caso seja solicitado”.
A reportagem entrou em contrato com a assessoria do advogado Lino Chíxaro, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.
Os bandidos profissionais estão muito bem assessorados por canalhas infiltrados nos executivos, disfarçados de funcionários públicos!