Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – A Justiça Federal vai ouvir no dia 24 deste mês cinco testemunhas indicadas pela única delatora no processo da Maus Caminhos, a enfermeira Jennifer Naiyara Yochabel Rufino. As testemunhas foram arroladas, em conjunto, pela defesa da enfermeira e pelo MPF (Ministério Público Federal).
Ex-presidente do INC (Instituto Novos Caminhos), organização social que, segundo o MPF, foi o meio pelo qual a organização criminosa desviou pelo menos R$ 110 milhões da saúde do Amazonas, Jennifer é ré em sete ações que resultaram da primeira fase da Maus Caminhos.
Na cadeia, Jennifer fechou acordo com o MPF para contar o que sabe sobre a organização criminosa. Segundo o procurador da República responsável pelo caso, Alexandre Jabur, até aqui, tudo que a enfermeira contou aos investigadores tem se confirmado.
A data dos depoimentos das testemunhas convocadas por Jennifer e o MPF foi definida no último dia 9, segundo informações no site da Justiça Federal. O processo em questão (0007571-64.2017.4.01.3200) tramita na 4ª Vara da Justiça Federal. A juíza responsável é Ana Paula Serizawa.
Depoimento
Em depoimento no dia 14 de novembro de 2017, Jennifer disse à juíza, ao procurador e a advogados que sabia do recebimento de propina pelo ex-governador e hoje senador Omar Aziz (PSD). Além do político, a enfermeira disse que sabia do pagamento de propina também para os ex-secretários de Saúde do Amazonas Wilson Alecrim e Pedro Elias.
Um mês depois do depoimento de Jennifer, no dia 13 de dezembro de 2017, Wilson Alecrim e Pedro Elias foram presos na segunda fase da Maus Caminhos, denominada de Custo Político. Além dos dois, foram presos ainda os ex-secretários Afonso Lobo (Sefaz), Evandro Melo (Administração) e Raul Zaidan (Casa Civil). Dos cinco secretários, apenas Zaidan está em liberdade.
Outras testemunhas
Na mesma decisão de terça-feira, 9, a Justiça Federal também definiu a data para ouvir testemunhas de outras duas denunciadas na operação Maus Caminhos. Dia 5 de fevereiro serão ouvidas duas testemunhas de Aila Maria e três de Priscila Marcolino – esta é apontada na investigação como braço direito do empresário Mouhamad Moustafa, indicado como líder da organização criminosa.
As ações que resultaram do processo original da Maus Caminhos (41-09.2017.4.01.3200) estão na fase das alegações finais do MPF e dos denunciados. Nesta primeira fase, o MPF denunciou à Justiça 16 pessoas acusadas de envolvimento no esquema. A denúncia foi apresentada em novembro de 2016.
Os denunciados são acusados por constituição, promoção, financiamento e integração de organização criminosa.
A seguir, trechos do depoimento em vídeo de Jennifer Nayara, de novembro de 2017, ao qual o ATUAL teve acesso. Os trechos foram retirados de quatro horas e 21 minutos de gravação.