Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Ao ordenar busca e apreensão contra influenciadores digitais suspeitos de envolvimento em esquema fraudulento de rifas clandestinas, a juíza Silvânia Ferreira, da Vara de Inquéritos Policiais, rejeitou o pedido da Polícia Civil para prender os envolvidos. A decisão foi assinada no dia 5 deste mês e as ordens foram cumpridas nesta quinta-feira (29) na Operação Dracma.
A magistrada ordenou apenas a busca e apreensão, o bloqueio das redes sociais, a quebra do sigilo de dados telefônicos e a interceptação telefônica de João Lucas da Silva Alves, de 24 anos, conhecido como Lucas Picolé; Enzo Felipe da Silva Oliveira, 24, o Mano Queixo; Isabelly Aurora e outras três pessoas suspeitas de envolvimento no esquema.
Ferreira alegou que não havia “razões plausíveis” para a prisão preventiva dos investigados, e que a prisão temporária não era “imprescindível” para as investigações, pois os envolvidos ainda não tinham sido ouvidos e não havia “elementos concretos” que indicassem embaraço às investigações. Ela alegou, ainda, “fragilidade dos indícios de autoria” dos crimes de fraude.
Lucas Picolé e Mano Queixo foram presos em flagrante na quinta-feira (29) por outros motivos durante busca e apreensão na casa de Lucas, no bairro Novo Aleixo, zona norte. A polícia encontrou drogas sintéticas (LSD), munições e uma motocicleta adulterada no local. Lucas também foi autuado por vender produtos falsificados.
De acordo com agentes da polícia, Lucas tentou se desfazer de dois aparelhos celulares e da chave de um veículo BMW, onde foram encontradas as drogas. Segundo os agentes, ao avistar os policiais, o influenciador jogou os celulares e a chave no telhado da casa vizinha. Os PMs tiveram que subir no local para pegar os materiais.
A polícia investiga, além de Lucas Picolé e Mano Queixo, a influenciadora Isabelly Aurora e outras três pessoas pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, associação criminosa, fraude no comércio, receptação qualificada, promoção de jogos de azar, publicidade enganosa e crimes contra as relações de consumo.
De acordo com a Polícia Civil, os investigados anunciavam, nas redes sociais, rifas de veículos avaliados em R$ 200 mil, cuja “disputa” se dava pela aquisição de bilhetes eletrônicos vendidos por centavos. Os investigadores descobriram que os prêmios da rifa já tinham dono antes mesmo do sorteio, como ocorreu com o recente “sorteio” de dez motocicletas.
Ainda de acordo com as investigações, os valores arrecadados nos golpes eram ecoados na compra de veículos de luxo, aluguéis e aquisição de imóveis de alto padrão, e reinvestidos em uma loja de marcas de grife que comercializada produtos falsificados. A polícia suspeita que o grupo tenha movimentado R$ 5 milhões com o esquema fraudulento.
Na delegacia, segundo a Polícia Civil, Lucas Picolé e Mano Queixo ficaram em silêncio.