
Do ATUAL
MANAUS – As investigações policiais sobre o assassinato do jovem palestino Mohammad Manasrah, de 20 anos, em Manaus, no último sábado (8), apontam que a vítima sofreu o golpe de garrafa quebrada no pescoço ao salvar um amigo, que seria o alvo do ataque.
“As imagens mostram e as investigações apontam que ele [Mohammad] não seria o alvo. Na verdade, o autor iria desferir o golpe em uma segunda vítima, e o Mohammad interveio para que não tirasse a vida do seu colega e acabou falecendo”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do Amazonas, Bruno Fraga, em entrevista a jornalistas.
Nesta quinta-feira (13), a polícia prendeu o suspeito de ser o autor do golpe fatal, Bruno da Silva Gomes, de 23 anos, em um condomínio de luxo. Ao chegar à DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros), Bruno Gomes disse ser inocente.
A polícia apurou que a confusão que terminou com a morte de Mohammad começou com um desentendimento dentro da boate em que eles estavam, no bairro Nossa Senhora das Graças, na zona centro-sul de Manaus.
Mohammad estava acompanhado do irmão dele e de outros três amigos. “Nesse dia eles tinham ido confraternizar nessa boate”, disse o delegado Ricardo Cunha, da DEHS.
Segundo a polícia, o irmão de Mohammad esbarrou acidentalmente em Bruno, que carregava um balde de cerveja. O balde virou e Bruno foi molhado. Em razão disso, ele agrediu o irmão de Mohammad. O grupo revidou à agressão.
Os seguranças da boate colocaram Bruno para fora da boate. Bruno ficou esperando o grupo sair para retomar a briga.
A polícia afirma que Bruno estava acompanhado de Robson Silva Nava Júnior, que está sendo procurado pela polícia. Segundo as investigações, no momento da briga Robson ameaçou o grupo e permaneceu dentro da boate para avisar Bruno sobre o momento em que Mohammad e os amigos saíram da casa noturna.
“[Ainda dentro da boate] o Robson [parceiro de Bruno] faz ameaças contra o grupo, dizendo que um trem vai pegá-los e que isso não vai ficar impune”, afirmou Ricardo Cunha.
Fora da boate, Bruno se aproximou do grupo, que já estava indo embora, para continuar a briga. Bruno estava segurando uma garrafa quebrada. As investigações apontam que Mohammad percebeu que Bruno iria atacar o amigo com o objeto e se colocou na frente.
“A vítima percebe esse ato [uso da garrafa quebrada], se coloca na frente – essa vitima, então, é um herói, salvou o próprio amigo dele. Entretanto, ele leva um golpe fatal no pescoço”, afirmou Ricardo Cunha.
“[O golpe] que não é percebido de imediato, só é percebido momentos depois. Mas isso foi objeto de uma longa e cansativa análise de imagens”, completou o delegado.
A polícia afirma que o motivo do crime foi torpe, o que poderá aumentar eventual punição imposta ao autor. “O motivo foi vingança em razão de uma briga banal dentro do bar”, disse o delegado Bruno Fraga.
A Sociedade Árabe Palestina do Amazonas pediu apuração rigorosa sobre os fatos. “A Sociedade, como representante da comunidade árabe palestina neste estado, manifesta sua confiança plena na justiça e nas autoridades competentes para a apuração rigorosa dos fatos e a devida punição dos responsáveis por esse ato covarde”, comunicou a entidade.