Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O presidente da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas), Josué Neto (PRTB), suspendeu a sessão ordinária desta terça-feira, 12, em meio a bate boca com a líder do governo, Joana Darc (PL), sobre a condução por Neto do processo de impeachment contra o governador Wilson Lima e o vice-governador Carlos Almeida Filho.
O presidente da ALE afirmava que tinha duas opções sobre o pedido de impeachment – aceitar ou arquivar – quando foi interrompido por Joana Darc. A líder do governo, que minutos antes havia afirmado que Neto não poderia conduzir o processo de impeachment, disse que ele não poderia usar o “tempo de presidente” para “se defender”.
Ao ser interrompido por Darc, Josué Neto respondeu: “Eu vou pedir que seja suspensa a reunião porque eu lhe trato com todo respeito do mundo, deputada Joana”. A líder do governo rebateu: “Você trata (com respeito) na frente das câmeras. Por trás das câmeras a realidade é outra”. A discussão continuou até que o presidente suspendeu a reunião.
Ao reiniciar a sessão, Neto explicou que não cabe à ALE pedir o afastamento dele porque ele não participa do processo. Ele disse que não vai participar da comissão especial, que ele chamou de “qualificadíssima” por conter 16 deputados, e que caberá a essa comissão, no primeiro momento, decidir se Wilson Lima e o vice ficam ou não nos cargos.
Condução
Antes da discussão, Joana Darc disse que “não existe” pedido de impeachment contra o governador e vice-governador juntos e sugeriu que havia interesse político por trás do processo. “Se existe interesse político ou se existe um interesse de politicagem, ou se existe um interesse de realmente fazer a saúde do nosso estado funcionar, as coisas tem que ser feitas dentro do processo legal”, disse.
A líder afirmou que não estava querendo barrar o processo de impeachment e que estava cobrando o cumprimento da Constituição Federal. “O que nós estamos querendo é que assim como um homicida, como um criminoso, como um bandido, como um ladrão que tem a prerrogativa e a garantia constitucional em cláusula pétrea no Artigo 5º de responder a um devido processo legal, que assim também possa ser com o governador, com o vice-governador e até mesmo com o presidente da Assembleia Legislativa”, disse Darc.
Joana Darc afirmou que o processo de impeachment “não vai mudar o quadro agora, não vai salvar vidas”. “Eu concordo que tem que ter fiscalização, mas não é o momento. Quer impedir o governador ou o vice? Faça direito. Faça dentro da lei, faça o processo como diz a constituição federal, o regimento interno, a Constituição do Estado”, afirmou.
Segundo tumulto
A sessão virtual desta terça-feira, 12, começou com um tumulto entre a deputada Alessandra Campelo (MDB) e o presidente da ALE, Josué Neto. A deputada pedia a votação de um requerimento apresentado pelo deputado Saullo Viana (PTB) que pede o impedimento de Neto na condução do processo de impeachment antes da leitura do expediente do dia.
O pedido de Campelo não foi aceito por Neto e a discussão entre os deputados durou cerca de 40 minutos. O expediente foi lido pelo próprio Josué Neto com interrupção de Campelo, que falava ao mesmo tempo em que Josué Neto e outros deputados que protestavam contra e a favor da leitura. O presidente da ALE começou o “pequeno expediente” às 10h50.