Do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – Os delatores da JBS confessaram ter aberto um caixa de R$ 40 milhões para a compra de apoio político à campanha de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República, em 2014, a pedido do tucano. Os valores teriam sido pagos por meio de doações oficiais – classificadas, mesmo assim, como ‘propinas’, pelos executivos do grupo – e de notas fiscais frias de empresas indicadas pelos dirigentes partidários, segundo a delação. Outros R$ 60 milhões teriam sido destinados somente à campanha individual do senador afastado.
Repasses a todos os partidos da coligação do tucano – PTB, Solidariedade, DEM, PTN, PSL, PTC, PSDC , PMN, PT do B, PEN – são citados nas delações da JBS. O dono do grupo, Joesley Batista, teria autorizado os pagamentos – em acerto com o tucano, que teriam sido operacionalizados pelo diretor de Relações Institucionais da J?
– As campanhas do partido sempre foram modestas e feitas com recursos legais, informados à Justiça Eleitoral por meio das prestações de contas entregues ao TSE;
– É absolutamente fantasiosa a suposição de que atuação do partido na campanha de 2014 tenha sido influenciada por qualquer empresa”.
O presidente do PMN Antônio Carlos Bosco Massarolo confirmou que o partido recebeu R$ 1,3 milhão, registrado em doações oficiais, da JBS, no entanto, disse desconhecer as tratativas do senador afastado Aécio Neves para angariar os recursos. Ele também afirmou que, como encabeçou a chapa eleitoral, o tucano ficou responsável pela arrecadação de campanha. “A JBS provavelmente fez essa doação a pedido do Aécio Neves, porque o partido não tinha essas relações com a empresa. Não sei como foram as tratativas, mas, pelo que vi na imprensa, parece que o linguajar do Aécio não é dos melhores”, disse.
Massarolo ainda esclarece que, quando a doação é feita ao partido, “é feito um recibo eleitoral é discriminado da origem”. “Nas contas dos candidatos deve constar. À época, não existia nenhum tipo de ideia de que poderia haver esses embaraços legais da JBS”, relatou.
O PSDC também se manifestou: “Em depoimento prestado pelo executivo da JBS, Valdir Aparecido Boni, à Procuradoria Geral da República em 4 de maio de 2017, o executivo afirma que todas as tratativas pertinentes as irregularidades fiscais que teriam beneficiado a JBS, em Rondônia, foram mantidas exclusivamente com o contador Clodoaldo Andrade, na sede da sua empresa, Rio Madeira Contabilidade Empresarial”.
“Considerando que o senhor Clodoaldo Andrade, integra a direção do PSDC do Estado de Rondônia (…) e que no depoimento prestado pelo executivo Valdir Aparecido Boni, ele teria conhecido o referido contabilista na sede do PSDC (…) a Comissão Executiva do Diretório Nacional do PSDC, fundamentada em seu compromisso com a transparência e a legalidade, convocou o Presidente Estadual do PSDC em Rondônia, o Eng. Edgard Nilo Tonial e o Contador Clodoaldo Andrade, também integrante da Direção Estadual do PSDC naquele Estado, para comparecerem na sede operacional do partido em São Paulo – SP, e apresentarem a versão dos fatos.
Após a audiência, a Direção Nacional do PSDC, deliberará sobre as providências que se mostrarem necessárias, no âmbito partidário”. A reportagem entrou em contato com o PT do B, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação. Da mesma forma, entrou em contato com o PEN e o PTC, mas não conseguimos respostas. O espaço está aberto para os duas legendas.