Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O candidato a governador do Amazonas Israel Tuyuka (PSOL) afirmou nesta sexta-feira (26) que a Amazônia virou “um paraíso para exploração para ganhar dinheiro” no governo Bolsonaro, que, segundo ele, tem desmontado as instituições que deveriam fiscalizar e proteger a região e incitado a exploração ilegal da floresta.
A análise do candidato indígena foi feita durante entrevista ao ATUAL, que está ouvindo os candidatos a governador do Amazonas.
“A Amazônia parece que virou um novo paraíso para a exploração para ganhar dinheiro. Parece-me que o governo brasileiro estimula as pessoas que já exploram, que são grileiros, criadores de gado e soja, que desmatam praticamente em grande quantidade, ele incentiva isso”, disse.
O candidato do PSOL reclamou que garimpeiros entram nas terras indígenas incentivados pela fala do presidente Jair Bolsonaro.
“Eu vejo que o Estado brasileiro, mesmo com instituições presentes, tem desmantelado essas instituições que deveriam fiscalizar. O governo tem incitado a exploração de qualquer jeito”, disse.
Para o candidato, os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em junho deste ano na região do Vale do Javari (AM), só ganhou repercussão porque houve uma vítima inglesa.
“Acredito que essa morte ganhou uma relevância tão grande a nível internacional porque tinha um inglês [Dom Phillips]. Tem vários brasileiros, indígenas e ambientalistas que morreram e ninguém deu muita importância. Então eu vejo assim, o governo não cuidando bem do que é nosso”, afirmou.
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O candidato sugere como medida para a segurança aumentar o efetivo de policiais. “O governo federal tem que aumentar o quantitativo de pessoal da Polícia Federal. Ele tem que colocar lá nas fronteiras mais bases da Polícia Federal. O governo do Estado também tem que aumentar o seu quantitativo de Polícia Militar. Porque assim, as forças têm que estar juntas”, propôs.
Israel defende comprar armas mais potentes para os policiais. “Não basta colocar um monte de gente. Os policiais têm que ter as melhores armas, as armas mais potentes possíveis. Porque eles têm que criar medo nos grandes traficantes”, disse.
Briga no Psol
A escolha de Israel Tuyuka para disputar o cargo de governador pelo PSOL gerou briga dentro do partido. Em convenção, o advogado Marcelo Amil foi lançado candidato da legenda ao governo do Estado. Mas a direção nacional do partido aceitou o resultado de uma conferência eleitoral promovida pelo Diretório Estadual do Amazonas, que escolheu Tuyuka.
Tuyuka diz que a princípio apresentou o nome para disputar o cargo de senador e não governador. Ele afirma que nas disputas internas para decidir o candidato ao governo a direção nacional precisou intervir e o escolheu.
“Todos os debates políticos internos não tive nenhuma interferência no partido, porque eu estava exercendo a minha função de médico no hospital. Eu assistia de longe, não sei realmente o que aconteceu internamente”, falou.
Saúde e Educação
Tuyuka defende descentralizar os investimentos em Saúde da capital através da construção de unidades de saúde em pontos estratégicos no interior.
“Muitas vezes eles [pacientes] vêm para sofrer, porque não têm condições de pagar as passagens, têm que ficar mendigando para as prefeituras”, disse.
O candidato, que é médico, disse ser necessário melhorar os incentivos para que profissionais de saúde atuem no interior.
“Se eu mando para lá com salários diferenciados, eles vão para lá. Eu sei, porque eu conheço muito bem esses médicos, que são meus amigos. É isso que eles falam no seu dia a dia, que não há uma motivação”, pontuou.
Na Educação, Tuyuka também inclui a motivação salarial como forma de valorizar os professores. “Existe um piso salarial a nível nacional e o Estado ele tem que pagar o máximo que ele pode, tem que pagar bem os professores”.
O candidato acrescenta a necessidade de realizar concursos para aumentar o quadro docente. “Tem que fazer concurso para eles, não tem que sobrecarregar o professor . Professor que trabalha três turnos não aguenta mais, não consegue preparar direito nem as aulas, não dá conta de quase nada de tão cansado”, falou.
Confira a entrevista completa: