Por Lucas Neves, da Folhapress
PARIS-FRANÇA – O presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Gouvêa Vieira, diz que o vigor do investimento estrangeiro no Brasil está atrelado a reformas estruturais e é indiferente ao teor mais ou menos incendiário de discursos e políticas na área comportamental.
“O capital é egoísta, por definição. Não quer saber se somos bonzinhos ou não, quer saber (qual é) o retorno possível”, afirma ele, que participa nesta quarta, 5, de um fórum em Paris com empresários franceses. Na delegação brasileira, estão também o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Braga de Andrade, e outros presidentes de federações estaduais da indústria.
Santos Cruz fala sobre o programa de privatizações do governo Bolsonaro e as parcerias público-privadas como janelas de entrada no mercado brasileiro. A agenda de reformas também deve ser tratada. “A da Previdência é basal, mas há também a tributária e, para diminuir a dívida, as desestatizações”, diz Vieira. “Tenho certeza de que a da Previdência vai avançar. Ninguém trabalha com outro cenário”.
Para ele, “a dificuldade é transmitir a entrelinha, (mostrar que) o círculo próximo do presidente pode dizer o que bem entender, mas que ele não vai fazer maluquice”.
Vieira aponta a exploração do petróleo offshore como seara em que o aporte estrangeiro será instrumental nos próximos anos. “Hoje, exportamos óleo cru e importamos derivados do petróleo, porque não investimos em refinarias. Quando se privatizar metade do parque de refino, haverá investidores interessados nisso”.
Na avaliação do dirigente, “estamos hoje em estado melhor do que em 2018: os poderes funcionam, goste-se ou não de suas decisões, a opinião pública está atenta, a imprensa é livre, e a democracia, sólida”. “Onde você tem esses trunfos, e ainda por cima com uma enorme massa de consumidores potenciais? Na Índia? Vai viver lá, com a ‘democracia curiosa’ que eles têm. A China não existe como democracia. Não é por que o Brasil elegeu uma pessoa com quem não se concorda plenamente que o país vai piorar”.
Apesar da convulsão política e econômica fluminense dos últimos anos, completada por uma crise de segurança pública, Vieira insiste que ‘o Rio vai bombar’. “Precisamos ter um pouco de juízo para eleger dirigentes normais. É difícil pedir isso? Como pode dar certo um estado que passa 20 anos nas mãos de bandidos?”