
Por Fernanda Trisotto e Gabriela Jucá, do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou que tem uma “confiança inabalável” de que o Brasil pode se desenvolver de forma diferente do que ocorria em anos anteriores.
“Acho que nós podemos dar um salto de qualidade com reformas sérias. Insisto em dizer que a coisa mais importante para o Brasil é reconstituir uma política de Estado. Nós temos que ter uma política de longo prazo no Brasil, mais protegida de populismo. Há uma coisa que se chama Brasil, o nosso país, e que precisa ter uma visão de longo prazo. Isso precisa ser reconstruído, reconstituído, até para você mexer com a esperança das pessoas”, defendeu, em participação no J. Safra Macro Day 2025, nesta segunda-feira (28).
Haddad voltou a defender a proposta de reforma da renda enviada pela equipe econômica, que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e compensa com a tributação de rendas mais altas, reforçando que o Brasil precisa rever a distribuição de renda. “O Brasil não é sustentável, nem do ponto de vista político, nem do ponto de vista social, nem do ponto de vista democrático”, disse ele.
O ministro defendeu que é preciso colocar a questão da justiça social não apenas no horizonte econômico, mas também no horizonte da sociedade que deseja construir.
Mercosul
Fernando Haddad disse que o país deve manter a tração no comércio exterior e que o Brasil tomou a direção correta nesta temática, com destaque para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
“O Brasil é uma economia grande demais para ser satélite de outra. Então, manter os canais de comércio abertos com os três grandes blocos econômicos me pareceu uma atitude muito saudável da parte do presidente Lula, inclusive diante das provocações recentes que o Brasil viveu”, afirmou.
Haddad defendeu ainda a tese da reglobalização sustentável – de atenção à questão ambiental alinhada à questão econômica – e de fortalecimento do multilateralismo em meio às incertezas econômicas globais.
Para o chefe da equipe econômica, o momento incerto global representa uma oportunidade para o País. “É o momento de fazer valer a sua diplomacia comercial e obter vantagens importantes do ponto de vista de acordos bilaterais”, disse.
Haddad mencionou que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, está liderando o processo técnico e colhendo subsídios de todos os Ministérios para discutir o tema do comércio exterior, sob o respaldo de Lula no diálogo com o mundo. “Quando a incerteza é tamanha, você terá alguma prudência, embora conversas estejam acontecendo”.