Do ATUAL
MANAUS – Dois anos sem desfile por conta da pandemia de Covid-19, a escolas de samba do grupo especial de Manaus voltaram a desfilar neste sábado (18) no sambódromo em busca do título de campeão. O último título, em 2020, foi conquistado pela escola de samba Aparecida, da zona sul de Manaus.
Por conta da chuva, no início da noite, as oito agremiações que desfilaram no sábado e madrugada de domingo, entraram no sambódromo com uma hora de atraso, por decisão da CEESMA (Comissão Executiva das Escolas de Samba de Manaus). O desfile previsto para iniciar às 20h, só começou às 21h.
Também por conta da chuva, o público demorou a chegar ao sambódromo. As duas primeiras escolas – Vila da Barra e Primos da Ilha – fizeram suas exibições para arquibancadas quase vazias. O público começou a ocupar os lugares nas arquibancadas a partir da terceira escola.
A Vitória Régia, escola de samba do bairro Praça 14, zona sul, última a desfila, pisou na passarela no clarão do dia, neste domingo.
Confira um resumo do desfile das escolas de samba que desfilaram neste sábado (18) e madrugada de domingo (19):
Vila da Barra
A primeira escola da noite, Vila da Barra, retornou ao grupo das especiais, narrando uma história imaginária sobre a descoberta da civilização secreta que habitava o coração da Amazônia.
O enredo “Ratanabá: O segredo milenar da Amazônia”, faz referência a uma cidade perdida que viralizou no mundo digital.
As baianas carregavam um figurino semelhante às pirâmides e a bateria da Pegada da Onça se vestiu de ouro para comandar a escola do bairro da Compensa, com 27 anos de história.
Primos da Ilha
Segundo a adentrar a passarela do samba, o Grêmio Recreativo Primos da Ilha contou a saga do imigrante lusitano José Azevedo, que fixou morada em Manaus, em 1934, e aqui constituiu família e construiu um império empresarial no ramo do comércio. O enredo “D’Além mar, o Amazonas conquistou! José Azevedo, o legado de um gajo sonhador TVLar, Manaus Plaza Shopping e TVLar Motos” mostrou desde a infância até o legado deixado pelo portugês que se tornou amazonense.
Em 21 alas comandas pela bateria “Moleque atrevido”, apoiadas por quatro alegorias compostas por dois carros alegóricos: “O europeu encontra o caboclo amazônida”, “O senhor do tempo – Fachada do Hospital Beneficente Portuguesa”, mais os módulos alegóricos “A concha do mar esconde, na travessia do oceano, a pérola do Amazonas” e “Bolo de 59 anos”, a Primos da Ilha prestou sua homenagem a José Azevedo.
Um terceiro carro alegórico, intitulado “Grupo TVLar com visão de futuro”, deveria ter entrado na avenida, mas enfrentou problemas técnicos na concentração e não conseguiu desfilar.
Andanças de Ciganos
A Andanças de Ciganos levou para o sambódromo o enredo “Não deixe o samba morrer, não deixa a cultura acabar, o povo cigano clama: Salve a cultura popular”. A escola levou ao público a multiplicidade cultural do país, rituais, danças e festas.
A escola do bairro Cachoeirinha, com 47 anos de tradição, apostou em 19 alas e alegorias grandiosas, como o quarto e último carro, “Celebrações festivas à padroeira”, medindo quatro metros de altura. Com 220 ritmistas, a bateria “Vai ou Racha”, do Mestre Félix, comandou o samba movido pela cultura popular.
Reino Unido
A escola de samba Reino Unido da Liberdade, quarta a se apresentar, emocionou o público ao homenagear um ícone da cultura amazonense com o enredo “Bate forte o tambor, Furiosa! Eu quero é Tic, Tic, Tac! A Reino Unido abre as cortinas para Zezinho Corrêa”.
A vida, obra e trajetória artística de Zezinho Corrêa, que foi uma das vítimas da pandemia de Covid-19, foram retratadas em 27 alas e três alegorias: “Vestido de luz – O menino iluminado”, “O sonho em cena – Teatro (Tesc/ Sesc)” e “O Apogeu – Zezinho vive em nós. Bate forte o tambor!”. A bateria Furiosa ditou o ritmo que embalou os cerca de 3.200 componentes da escola.
Mocidade de Aparecida
A campeã de 2020, Mocidade Independente de Aparecida, entrou no sambódromo com o enredo “A Essência… A Seiva… A Fonte… Vitae”. A verde e branco levou o folião a uma viagem à formação do planeta Terra, ressaltando a importância da água na existência da vida.
Escola do bairro Aparecida adentrou na avenida com a alegoria “Planeta Água a Girar – O Tempo Não Para”, com um telão em LED, interagindo com a comissão de frente.
A Furiosa também fez críticas à poluição dos rios e lagos, representada na ala “De lixo! mares, rios e igarapés”. Formada por 230 ritmistas, a escola soma 43 anos de trajetória e se destaca com a bateria da Universidade do Samba, no comando de Mestre Lucas.
A Grande Família
Em seguida, foi a vez da Escola de Samba A Grande Família desfilar o enredo “Eirunepé – O cordel amazônico”. A corrente migratória de nordestinos que se tornaram soldados da borracha no interior do Amazonas e fundaram, entre outros, o município de Eirunepé foi contada pela escola.
A História de Eirunepé foi contada em 21 alas, com três carros alegóricos: “Um cordel de amor”, “Seringal Eiru” e “Eirunepé, a Joia da Floresta”.
Um módulo alegórico na forma de um barco tipo recreio com o nome Comandante Amazonino foi incluído, em homenagem ao recém-falecido ex-governador Amazonino Mendes, um dos mais célebres filhos de Eirunepé. A bateria se fantasiou de “Barões da Borracha” para comandar o desfile com seu ritmo contagiante.
Unidos do Alvorada
A escola fez uma viagem pela história do fundador do Grupo Samel, Luiz Fernando Nicolau, que faleceu aos 74 anos, em 2020, vítima de complicações da covid-19.
Com o enredo “Obu Manaó – O alvorecer da cura, sob as bênçãos do céu. Anauê, Samuel”, a nação alvoradense desfilou distribuída em 18 alas para homenagear o médico que construiu carreira em Manaus, se dedicando à política e trabalhos humanitários.
Os 220 ritmistas, da bateria Superação, deram o tom aos integrantes, que dividiram espaço entre as seis alegorias, sendo uma delas com integrantes da família do homenageado.
Vitória Régia
Fechando os desfiles, a Vitória Régia desfilou trazendo a causa da inclusão de pessoas com deficiência ao sambódromo, com o enredo “A nossa especialidade é ser especial – Por um mundo mais acessível e humano”.
As qualidades e talentos das Pessoas com Deficiência foram exaltadas em 21 alas intercaladas por quatro alegorias: “O princípio”, “Um universo prá lá de especial”, “Superação, triunfo e glória” e “O Futuro (mais humano)”.
A bateria “Berço do samba”, encarnando “O som da vida”, deu ânimo aos integrantes da escola, que desfilou já na manhã de domingo.