MANAUS – O episódio pitoresco em que o Diário Oficial do Ministério Público do Amazonas ridicularizou o comandante-geral da Polícia Militar, coronel David Brandão, ganhou repercussão nacional na terça-feira, 5, e nesta quarta-feira, 6. Mas a grande mídia ignorou a fonte primária da informação: o site de notícias AMAZONAS ATUAL, com sede em Manaus.
Foi o ATUAL quem primeiro publicou a matéria, com o cuidado de registrar em cartório a portaria que trazia a expressão “Comandante Pau Mole”, para se referir ao comandante da PM do Amazonas. Esse cuidado deveu-se à suspeita de que o Ministério Público poderia ou corrigir ou retirar o documento do site, já que não existe versão impressa do Diário Oficial Eletrônico da instituição.
Ocorreu que antes mesmo da publicação ir ao ar, no fim da tarde do dia 5, quando soube que o ATUAL estava preparando a reportagem, a Procuradoria Geral de Justiça retirou a edição do site. A reportagem do ATUAL também teve o cuidado de salvar a edição e disponibilizou em PDF na matéria principal, assim como as páginas autenticadas em cartório.
Todos os meios de comunicação que tomaram conhecimento dos fatos beberam numa única fonte: o AMAZONAS ATUAL. No entanto, apenas um site de Brasília, o Metrópoles, citou o ATUAL e colocou o link da matéria original.
A Folha de S. Paulo, acostumada a processar quem usa seu conteúdo, não citou o site que publicou a matéria e disponibilizou o Diário Oficial em sua publicação na versão online. A mesma coisa fez o Estado de S.Paulo. Ambos os sites dessas duas empresas publicaram a imagem do Diário Oficial do MP-AM, que não estava mais disponível no site do MP-AM.
E como ninguém fez o que o ATUAL fez, ou seja, salvou a cópia da edição do Diário Oficial e disponibilizou para os seus leitores, só havia uma forma dos veículos de comunicação conseguirem o documento: na site do ATUAL.
Não estamos aqui cobrando mais do que seria obrigação dos veículos. O mínimo que poderiam fazer era citar a fonte da informação primária. A IstoÉ Independente, em sua versão online, publica matéria e cita como fonte a Folha de S.Paulo, e reproduz cópia do Diário Oficial como se a fonte fosse a Folha.
Há muito venho criticando esse jornalismo que “rouba” informação de terceiros e “vende” como se fosse um esforço de equipe (muitos veículos que surrupiam informação sequer têm equipes). É uma luta árdua, que vem sendo travada com certo sucesso por quem tem estrutura e dinheiro, como a Folha, o Estadão e a IstoÉ.
Como todos sabem, nesse universo online, os cliques valem mais do que qualquer coisa. Por isso, o reconhecimento das fontes primárias de informação é um ato de justiça aos que tentam sobreviver nesse mercado maluco de venda de conteúdo.