Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Com planejamento de gerar 360 empregos diretos e indiretos em três anos em Manaus, a empresa Gradiente pretende reiniciar as atividades no Polo Industrial de Manaus em 60 dias. O presidente da empresa, Ricardo Staub, disse que a nova fase ocorre em momento de “muitos ataques contra a Zona Franca de Manaus” por parte do governo federal, o que gera “insegurança para o Brasil inteiro”.
“A gente vê muito ataque à Zona Franca de Manaus na questão dos incentivos. Isso ainda não está bem definido. A gente está analisando com calma para poder melhor falar. Acho que traz (insegurança) para o Brasil inteiro, principalmente, para a Zona Franca”, disse Ricardo Staub.
Ao ser questionado sobre a proposta do governo federal de unificar cinco impostos, entre eles o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que beneficia empresas instaladas no PIM (Polo Industrial de Manaus), Staub disse que o grupo Gradiente está “trabalhando junto com a bancada de Manaus, com governadores, com senadores do Norte e Nordeste, para tentar reivindicar a melhor posição para nós”.
“Não adianta colocar a Zona Franca em pé de igualdade de impostos com todo o Brasil sem a gente ter infraestrutura para isso, logística, uma serie de serviços. É um ponto delicado, um ponto que a gente está olhando com cautela, mas do outro lado a gente não pode esperar isso para começar a produzir e ir para frente”, disse Staub.
Investimentos
Segundo o presidente da Gradiente, o investimento da empresa no Polo Industrial de Manaus nesta nova fase será de R$ 5 milhões e priorizará a produção de produtos sustentáveis, como o inversor solar, que é um equipamento necessário para a transmissão de energia gerada pelo painel solar e que pode ser utilizado em residências e em estabelecimentos comerciais.
“O nosso primeiro foco é o residencial através da geração distribuída. O inversor é um equipamento necessário para a energia solar. É ele que faz a conversão para residência e para as concessionárias. Além de você não pagar conta, você vai ganhar crédito com as concessionárias”, afirmou Staub.
No início da nova fase da empresa, o painel solar ainda não será fabricado pela Gradiente, mas será importado, segundo o diretor da Gradiente em Manaus, Deusmar Viana. “Vai ser importado nos dois primeiros anos. Tem uma portaria da Suframa que nos autoriza isso. O investimento é muito caro e alto para se produzir painel solar na Zona Franca de Manaus, disse Viana.
Emprego
Deusmar Viana disse que em 2018 a empresa recebeu 60 mil currículos após divulgação em veículos de comunicação de que a empresa iria abrir vagas. Segundo ele, a informação era “fake news”, mas a empresa analisou os documentos enviados e começará a selecionar trabalhadores nas próximas semanas. A expectativa é de gerar 50 empregos diretos e indiretos em 2019.
“A gente já tem mapeado mais ou menos o que a gente busca dentro dessas contratações que a gente deve estar nas próxima semanas já entrando em contato. A gente vai privilegiar esses funcionários (que deixaram o currículo em 2018)”, afirmou.
Os representantes da Gradiente disseram que a expectativa de produção nos primeiros anos abrangerá sete produtos que deverão custar no mercado entre R$ 1,3 mil e R$ 7 mil. No caso dos inversores solares, Staub afirmou que a produção na ZFM vai baratear o produto em 20% ou 25%.
Ainda conforme o presidente da empresa, a meta de produção é de 100 mil unidades por ano, mas em 2019 a quantidade é menor: 9 mil produtos. A expectativa é que os produtos estejam no mercado em setembro deste ano.
Imbróglio jurídico
De acordo com Staub, o início das atividades na capital amazonense depende da aprovação do plano de recuperação apresentado pela Gradiente em assembleia geral de credores. A empresa enfrenta imbróglio jurídico para decidir se o foro competente para deliberação do acordo será em Manaus ou São Paulo.
“A nossa expectativa era aprovar a assembleia de credores e a homologação do plano na última segunda-feira (1°), mas isso foi cancelado devido a uma questão de foro São Paulo e Manaus. E assim que a gente tiver aprovado, a gente vai estar apto para iniciar os investimentos e a produção local”, afirmou Staub. Ele disse que o Judiciário é sempre “moroso e burocrático”.
Conforme o presidente da Gradiente, o plano de recuperação apresentado pela empresa aos credores, a maioria bancos, “é diferente das outras operações”. “Eu trago o credor para acreditar na operação, peço um prazo de pagamento e depois começo a pagar com o caixa gerado”, afirmou.