Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – O Governo do Amazonas comunicou, nesta terça-feira (30), que perdeu as imagens captadas por câmeras da viatura envolvida na abordagem policial que terminou com o deputado federal Amom Mandel (Cidadania) e policiais militares da Rocam (Ronda Cândido Mariano) na delegacia, na noite do dia 4 de janeiro, na Avenida Autaz Mirim, zona leste de Manaus.
“Especificamente quanto ao videomonitoramento da viatura policial, informa-se que, nos termos da informação prestada pela empresa responsável pelo equipamento, não foi possível a recuperação da imagem em virtude do lapso temporal decorrido”, afirmou o procurador-geral do Estado, Isaltino José Barbosa Neto.
A PGE-AM (Procuradoria-Geral do Estado do Amazonas) enviou apenas os vídeos registrados por câmeras do Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) instaladas nas proximidades da ação policial. Os vídeos no entanto estão restritos, classificados como “documentos sigilosos”. A reportagem solicitou da assessoria de Amom acesso ao conteúdo, mas não obteve resposta.
Amom recorreu à Justiça para acessar os vídeos registrados pelo sistema de vigilância da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas) no local da abordagem que ele alega ter sido “truculenta” e da viatura envolvida na confusão. Ele temia perder as imagens por não saber quanto tempo elas ficam armazenadas no sistema.
Ao atender o pedido na segunda-feira (29), o juiz Paulo Fernando de Britto Feitoza, da 4ª Vara da Fazenda Pública do Amazonas, considerou que as imagens são “cruciais para esclarecer se houve irregularidade na abordagem policial” e para “verificar a possibilidade dos autores em tomarem as devidas medidas judiciais, para eventual ajuizamento de ação de reparação de danos”.
“[Está] devidamente demonstrado pelos requerentes [Amom Mandel e Sarah Mariah dos Santos, namorada do parlamentar] a possibilidade da perda da prova necessária ao esclarecimentos dos fatos narrados na inicial, assim como será esta imprescindível para justificar ou evitar o ajuizamento de ação”, disse Paulo Feitoza.
O deputado afirmou que quer esclarecer o que houve naquela noite. Ele afirma que há divergências nas versões apresentadas pelos policiais. Segundo Amom, no momento da abordagem, os agentes disseram que o veículo estava com a lanterna traseira apagada. Na delegacia, afirmaram que o carro estava em “zig-zag” na pista e que a condutora tentou fugir do local.
“Nada mencionando sobre as lanternas traseiras estarem supostamente ‘queimadas’”, disse a defesa de Amom. “Se instaurou grande divergência entre as versões apresentadas pelo próprio oficial da PM/AM [Polícia Militar do Amazonas] que não logrou êxito em apresentar justificativa verossímil à abordagem truculenta feita aos Autores deste pedido”, completa a defesa.