Da Folhapress
BRASÍLIA-DF – No centro da polêmica envolvendo movimentações financeiras atípicas e auxiliares de seu gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) já sabe onde vai se instalar a partir de 1º de fevereiro, quando tomar posse no Legislativo federal.
O filho do presidente da República, Jair Bolsonaro,
herdará o gabinete do atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), no
17º andar do anexo 1. A maioria dos gabinetes de senadores fica neste prédio, a
torre da esquerda do Congresso Nacional. Segundo Eunício, o pedido foi feito
pelo primeiro suplente de Flávio, o empresário Paulo Marinho (PSL).
“Quem me pediu foi o seu primeiro suplente, Paulo, logo após os resultados das
eleições”, disse o presidente do Senado.
Questionado se ainda estava instalado ou se Flávio já havia ocupado o gabinete, Eunício respondeu que o novato só pode entrar a partir de sexta-feira, 1º, quando os deputados eleitos tomam posse. “Esta semana temos de retirar as coisas de lá”, afirmou Eunício, que, sem ter conseguido se reeleger na última eleição, deixa o Senado no fim desta semana.
Na semana passada, a assessoria de imprensa do Senado
informou que ainda não havia definição sobre que gabinete cada senador eleito
ocuparia.
“Os gabinetes só estarão à disposição dos novos senadores, eleitos nas eleições
gerais de 2018, a partir de 1º de fevereiro do corrente ano, quando terá início
a nova legislatura”, informou a Casa em nota na quinta-feira, 24.
Flávio toma posse nesta sexta-feira desgastado. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou que o filho do presidente Jair Bolsonaro recebeu em sua conta bancária 48 depósitos, em dinheiro, em junho e julho de 2017, sempre no valor de R$ 2.000, totalizando R$ 96 mil. De acordo com reportagem do Jornal Nacional, os depósitos foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj, e os remetentes não foram identificados. Flávio alega que recebeu dinheiro em espécie pela venda de um imóvel e que depositou R$ 2.000 por ser o limite no caixa eletrônico.
Além disso, há investigações sobre funcionários do gabinete Flávio na Alerj. O Coaf diz que Fabrício Queiroz, que era policial militar e motorista do filho de Bolsonaro, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Além do valor, considerado incompatível com o patrimônio de Queiroz, chamaram a atenção o volume de saques – que chegaram a cinco em um mesmo dia – e o fato de ele ter recebido repasses de oito funcionários do gabinete de Flávio.
Soma-se a isso o fato de que uma operação deflagrada no Rio de Janeiro nesta semana tinha como um dos alvos de mandado de prisão o ex-capitão da PM Adriano Nóbrega, suspeito de chefiar milícias na cidade. A mãe e a mulher dele foram funcionárias comissionadas no gabinete de Flávio até 2018. Flávio atribui as indicações a Queiroz.
Apesar disso, a maioria dos candidatos à presidência do Senado afastou a possibilidade de investigar Flávio na Casa. A maioria dos entrevistados disse que não se deve pré-julgar Flávio e que ele já está sendo alvo de investigação de improbidade administrativa do Ministério Público.