Da Redação
MANAUS – A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) sugeriu que não tem dados da Covid-19 no Amazonas e propôs um inquérito epidemiológico com testagem em massa da população para levantamento sobre a pandemia no estado.
A proposta vem após o pesquisador da Fiocruz Jesem Orellana contestar os dados da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas), e acusar a Fundação estadual de “tentar deturpar as estatísticas da Fiocruz”.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 10, a Fiocruz afirma que as informações epidemiológicas divulgadas na nota de esclarecimento da FVS são esclarecedoras e apontam a necessidade de um inquérito epidemiológico de campo, com testagem em massa.
Na quarta-feira, 9, Rosemary Pinto, presidente da FVS, contestou em nota a declaração de Jessem Orellana.
Em entrevista a um veículo local, o pesquisador acusou a FVS de incluir mortes por Covid-19 como por síndrome respiratória aguda, escondendo dados, e afirmou que Manaus estava vivendo uma segunda onda da doença. Orellana, no entanto, não apresentou as estatísticas que, segundo ele, comprovariam um número de mortes três vezes maior que o oficial.
Rosemary Pinto repudiou as declarações, afirmando que dados da série histórica mostram que não há uma aceleração mortes por Covid-19 ou por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Também informou que o número de sepultamentos está estabilizado nos últimos meses e que os dados das últimas semanas não se diferenciam da média dos últimos cinco anos. Leia a nota da FVS completa AQUI.
Na nota divulgada na noite de quinta-feira, 10, a Fiocruz não cita números informados por Orellana, mas lembra que as declarações emitidas por ele geram o repúdio da FVS. No entanto, a entidade não desautoriza Orellana a respeito do disse, citando o nome da Fiocruz.
“Cabe à Fiocruz reafirmar seu compromisso com a saúde pública e reconhecer os esforços dispendidos pelos profissionais de saúde da FVS-AM e de outras instituições, e pelas autoridades, nos reservando o papel de levantar questões, dúvidas, críticas e sugestões, de forma sempre respeitosa, e na busca de soluções para o grave momento sanitário pelo qual passa o Estado do Amazonas e o Brasil.”, diz a nota.
A Fiocruz alega que está finalizando uma proposta para o estudo, que chamou de inquérito epidemiológico, e sugere que seja feito em parceria com outras instituições.
“Entendemos que esse desafio deva ser realizado de forma convergente e que favoreça o encontro de todos em torno de um objetivo comum. Assim, informamos que estamos em fase de formatação final de uma proposta, com desenho adequado às condições da cidade de Manaus, em busca dos meios necessários para essa execução. Todas as contribuições serão bem-vindas”.
A Fiocruz afirma que a realização do inquérito epidemiológico pode ser uma forma de as duas instituições entrarem em acordo. “Em busca da superação deste problema, acreditamos que o esforço para a realização do inquérito epidemiológico possa representar um caminho para uma convergência maior entre as duas instituições, que atuam em prol da ciência e da saúde da população”.