Da Redação
MANAUS – A Fenaess (Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde) defende maior investimento dos governos estaduais na saúde pública. Coincidentemente, clínicas, laboratórios e hospitais particulares são cada vez mais clientes dos governos na prestação terceirizada de serviços de saúde.
“A crise da saúde pública decorre, sem dúvida nenhuma, da falta de investimento ou de baixos investimentos feitos pelos governos municipais ou estaduais em relação a outros países com economias semelhantes”, diz o presidente da Fenaess, Bruno Monteiro, que está em Manaus para participar do 5º Congresso Brasileiro da entidade.
Monteiro não considera que a terceirização precariza a saúde pública, mas contribui para ajustar arestas. “Não temos dúvida que a saúde tem que ser pública, mas na nossa concepção tem que ter melhor custo benefício. Quando um Estado ou município contrata, ele contrata dentro de normas técnicas. Todos os números que temos levantados indicam que a contratação desses serviços não impedem de realizar serviços de melhor qualidade e de menor preço”, disse.
O presidente da Fenaess argumenta que dentro de critérios técnicos, a iniciativa privada consegue fazer o trabalho por um custo bem menor e com uma qualidade superior. “O problema não está no fato de ser serviço público ou não. Está no fato de que as demandas da população são crescentes. As pessoas precisam de mais leitos, mais UTIs, até porque a gente não vem trabalhando, efetivamente, num sistema em que se possa fazer prevenção. Temos que trabalhar para, no futuro, diminuir a necessidade de assistência à saúde do cidadão”, disse.
Breno comenta que os órgãos de fiscalização são muito mais eficazes no acompanhamento dos contratos e agem na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos pacientes. “Quando é púbico, a gente encontra vários governos atrasando ou deixando de pagar salários, como o que vem acontecendo aqui em Manaus nos últimos tempos. Na iniciativa privada, quando isso ocorre, as delegacias de trabalho entram em ação imediatamente”, afirmou.
Monteiro defende a municipalização da atenção básica na saúde pública. “Eu acredito que a atenção básica deve ser cuidada por quem a conhece. Não são os órgãos federais, distantes da realidade, que sabem o que a população precisa, mas sim o governo municipal que tem a obrigação de saber quais são as demandas e pode atuar melhor. O sistema foi construído para ser municipalizado, precisa descentralizar para diminuir burocracia e trazer efetividade para o sistema”, declarou.
Breno admite que os profissionais de saúde devem buscar soluções que ajudem a manter o sistema de saúde em pé. “Devemos lutar por melhorias, entre elas salários e outras, mas também buscar o aprimoramento e melhorar os conhecimentos para se tornar um colaborador mais efetivo e preste melhores serviços à população. Por isso acreditamos que eventos como esse, do Congresso, são oportunidades a mais para que o profissional alcance o aprimoramento de seus serviços e, assim, contribua para a melhoria da saúde pública”, disse.