MANAUS – O fenômeno das fake news tem semelhanças com o fenômeno das drogas no Brasil e, como tal, não há solução fácil e imediata. A sociedade brasileira ainda vai conviver por longos anos com as notícias falsas.
Uma das semelhanças com as drogas é que elas produzem um efeito quase alucinógeno em quem a produz e em grande parte em quem a dissemina. O ser humano é atraído pela desgraça alheia. E quando a desgraça recai sobre um inimigo ou adversário, o “prazer” é potencializado.
O fenômeno das fake news não é novo; apenas a expressão inglesa incorporada ao vocabulário português é novo. Também é nova a forma de disseminação. Antes da internet e das redes sociais, era muito mais difícil pulverizar uma notícia falsa, mas nas campanhas eleitorais elas surgiam aos montes, com panfletos apócrifos, tentando jogar na lama a reputação de adversários.
Agora, com as redes sociais, a disseminação ocorre como um rastilho de pólvora, e, como tal, é muito difícil conter. Aí reside a dificuldade de solução a curto prazo.
As empresas que controlam as principais redes sociais (Facebook, Twitter, Google, Youtube, Instagram) já começam a agir, com a retirada de conteúdo que consideram falsos, mas as ações são muito pontuais.
Dificilmente será possível conter uma onda de fake news nas eleições, quando milhares de pessoas estarão sendo pagas para “fazer o mal” contra adversários.
Há uma grande facilidade de se adquirir uma linha telefônica e criar uma conta nas redes sociais. Mesmo com as exigências das empresas, como a informação do número de CPF, esse tipo de controle não é suficiente para impedir a criação de contas “fakes” em massa.
Pro enquanto, tentar conter as fake news é como tentar tapar com as mãos a parede de uma represa com mil orifícios.
Isso não significa que o trabalho de combate às fake news é improdutivo. As ações no STF (Supremo Tribunal Federal), a CPI das Fake News no Congresso Nacional e a colaboração das empresas que controlam os aplicativos de relacionamento são um bom começo e precisam ser apoiadas.
E esse apoio precisa vir de toda a sociedade, até porque, as notícias falsas não são um problema apenas para autoridades e políticos. Uma prova disso são as fake news sobre a pandemia do novo coronavírus, que já levaram muitas pessoas à morte.