Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O ex-secretário executivo de Saúde do interior Edivaldo da Silva, 65, disse, em depoimento na CPI da Saúde na tarde desta segunda-feira, 3, que não havia fiscais da Susam (Secretaria de Estado de Saúde) no barco PAI (Programa de Atendimento Itinerário) para atestar a prestação de serviços pela empresa Norte Serviços Médicos, em 2017.
A empresa, que alega ter realizado exames de colposcopia e conização em 91 pacientes nas cidades de Envira, Ipixuna e Guajará em apenas quatro dias, recebeu R$ 868 mil através de processo indenizatório. Silva disse que não viajou com os profissionais para verificar se os serviços estavam sendo prestados e que atestou com base em nota apresentada pela própria empresa.
“No final de cada viagem você ganha um relatório com o nome da pessoa (pacientes), quantos exames foram feitos. Quer dizer, esse consolidado me dava garantia que eu sei que estava sendo feito, executado. A gente tinha esses consolidados nas mãos. Agora, realmente, nós não tínhamos fiscal nosso no barco. Nós não tínhamos o fiscal nosso no seio da Saúde”, disse Silva.
“Se eu não confiar na pessoa que está lá trabalhando, como é que eu faço?”, disse o ex-secretário Edivaldo da Silva.
O presidente da CPI da Saúde, deputado Delegado Péricles (PSL), afirmou que consultou especialistas para saber se era possível todas as 91 mulheres terem realizado os dois exames no mesmo dia. Segundo ele, os profissionais afirmaram que seria impossível 100% delas passarem por exame de conização e que, no máximo, 30% das mulheres poderiam ter feito os dois exames.
Além disso, Péricles afirmou que apesar de a empresa alegar que realizou 91 atendimentos nos três municípios, Santos autorizou o pagamento de 100 atendimentos, ou seja, R$ 77 mil a mais. Ao ser questionado se havia recebido ordens para assinar documentos que atestavam a prestação dos serviços pela Norte Serviços, o ex-secretário negou.
“Eu assinei. (A lista com) 100 pessoas eu não vi, realmente. Eu assinei, está assinado, a letra é minha mesmo. Eu assumo meu erro, mas ninguém me mandou nada. Eu fiz porque eu imaginei que a coisa estava correta. Para mim, a informação que a gente teve de Envira, de satisfação do serviço, se o serviço estava satisfeito, se o prefeito passou pra mim, todo mundo passou, eu falei: ‘então, está correto'”, disse Silva.
Antes disso, o ex-secretário disse que os próprios médicos contratados atestavam a prestação dos serviços. “O médico está lá. Ele me manda o nome das pessoas, o relatório que foi feito. O próprio prefeito, todo mundo está lá vendo. Não é uma coisa aleatória. Por isso que a gente só fazia depois que vinha tudo, a gente cobrava nome, endereço, tudo o que pudesse para a gente justificar”, afirmou.
Em outro momento, Santos disse que o ex-secretário de Saúde Vander Alves foi quem pediu para ele atestar os serviços. “O principal responsável era o secretário de Saúde do Estado, que era o (…) Vander, doutor Vander. (…) A autorização foi feita, realmente, eu me lembro disso com firmeza. Passou pela Maria Belém e pelo Vander e aí eu fiz o ateste”, disse.
A oitiva de Edivaldo dos Santos compõem um grupo de audiências agendadas pela CPI da Saúde para alcançar os responsáveis pelo pagamento de R$ 8,6 mil por exames que custam, em média, R$ 1,3 mil. Na manhã desta segunda-feira, 3, os deputados ouviram a ex-gerente de compras Narelda da Silva Barros, que disse que o processo de indenização da Norte Serviços foi montado.