Da Redação
MANAUS – A ex-gerente de compras da Susam Narelda da Silva Barros afirmou, em depoimento na CPI da Saúde nesta segunda-feira, 3, que o processo indenizatório que resultou no pagamento de R$ 8,6 mil por exame que custaria, em média, R$ 1,3 mil, em 2017 para a empresa Norte Serviços Médicos foi montado com cotação de preços de outro procedimento feito posteriormente.
“(Essa cotação que embasou o pagamento da empresa) é de um processo que seria licitado. Isso aqui foi uma pesquisa, estimativa para uma licitação. Era um outro processo que já estava tramitando na Susam nessa data, nesse período”, disse Barros. “Haveria uma licitação, mas o processo não prosseguiu. Se observarem no mapa, o número de processo é outro”, completou a ex-gerente de compras da Susam.
Para o presidente da CPI da Saúde, deputado Delegado Péricles (PSL), a situação envolvendo suposta montagem de processo de indenização é grave. “Isso é mais grave do que nós pensávamos porque eles montaram um processo com propostas e outros documentos de algo que ainda ia acontecer, prestação de outros serviços”, disse o parlamentar.
Narelda Barros disse que o processo indenizatório da Norte Serviços Médicos não passou pela gerência de compras da Susam porque o serviço já havia sido executado. Na ocasião, a empresa recebeu, através de processo indenizatório, R$ 868 mil do Estado por realizar exames de colposcopia e conização em 91 pacientes nas cidades de Envira, Ipixuna e Guajará em quatro dias.
Os membros da comissão questionaram a ex-gerente de compras sobre o motivo de o valor dos exames na cotação feita posteriormente por ela ser o mesmo pago à empresa Norte Serviços no processo indenizatório, que é considerado superfaturado. O deputado Delegado Péricles afirmou que “tudo indica que as propostas foram montadas, inclusive, para cobrir a empresa que executaria o serviço”.
Barros alegou que, à época da cotação, a Gerência de Compras da Susam não tinha conhecimento sobre o valor do serviço no mercado para os dois exames. “A gente faz pesquisa de esparadrapo a hemodinâmica, serviços médicos dos mais variados. Então, é difícil parar para ter aquela compreensão de que isso está caro, isso não está. Por isso que volta no setor demandante para análise do valor e a inclusão no projeto básico”, disse.
De acordo com a CPI da Saúde, a Norte Serviços já recebeu do executivo estadual entre 2017 e 2020, total de R$24.946.211,00 em processos indenizatórios, sendo R$9.606.912,62 em 2017; R$ 7.804.407,71 em 2018, R$ 6.257.878,47 em 2019; e R$ 1.277.012,90 em 2020.