Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – O ex-secretário de Saúde do Amazonas Francisco Deodato Guimarães deverá ser ouvido na CPI da Saúde da ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) na próxima quinta-feira, 20. Ele terá que esclarecer as acusações da ex-secretária executiva de Saúde do Amazonas Maria Belém de que ex-secretários foram chamados em 2018 para assinar documentos com data retroativa.
A oitiva de Deodato foi definida na reunião da comissão na manhã desta segunda-feira, 10. Na ocasião, os deputados também agendaram o depoimento do representante da empresa Líder Serviços, Sérgio Chalub, para quinta-feira, às 15h, e do empresário Frank Andrey Abreu, apontado como o verdadeiro dono da empresa Norte Serviços, para o mesmo dia, às 16h30. Caso ele não compareça, será conduzido coercitivamente, segundo o presidente da comissão, deputado Delegado Péricles (PSL).
Os deputados marcaram a audiência de Priscila Augusto Lira de Castro, que é agente administrativa do setor financeiro da Susam, para segunda-feira, 17; e do ex-secretário da Fazenda (Sefaz) Francisco Arnóbio Bezerra Mota para o mesmo dia, às 15h.
Retroativos
O ex-secretário de Saúde Francisco Deodato foi chamado para depor na CPI da Saúde após ter cito citado pela ex-secretária executiva de Saúde do Amazonas Maria Belém. Segundo Belém, em 2018, na gestão do ex-governador Amazonino Mendes (Podemos), ela e outros ex-secretários, incluindo Pedro Elias e Vander Alves, foram chamados pela servidora Priscila Augusto Castro para assinar documentos de 2017, quando o Estado estava sendo comandado pelo ex-governador David Almeida (Avante).
“Não é um negócio que era meu não. Era algo padrão. No meio dos documentos que eu tinha paras assinar, tinha o doutor Pedro Elias, do próprio Vander, que ele foi chamado para assinar”, disse a ex-secretária.
Um dos documentos que Belém assinou foi a ordem de pagamento de R$ 868 mil à Norte Serviços Médicos por exames de colposcopia e conização em 91 pacientes nas cidades de Envira, Ipixuna e Guajará em apenas quatro dias. Belém disse que não teve qualquer conversa com Deodato Guimarães.
“Ela (Priscila) ligou no nome do setor porque ela precisava arquivar e não tinha a minha assinatura. E, segundo ela, eu precisaria assinar. Foi em dezembro de 2018. Porque eu não estava na Susam nessa época”, disse Belém. “É isso que está errado. A data foi emitida nesse dia, mas me chamaram para assinar isso um ano depois. Está escrito no próton (sistema de gerenciamento de informações da Susam). Eu assinei posterior”, completou.
Ao depor, a ex-secretária assumiu que errou ao assinar os documentos com data retroativa e tentou justificar alegando que na secretaria havia pilhas de documentos. “Eu posso ter sido tola, posso ter sido incrédula, posso ter sido levada a fazer algo de fato porque eu não conhecia todos os processos. Quando ela me ligou e disse: ‘eu só preciso arquivar e para arquivamento eu preciso da sua assinatura’. Eu acreditei que era só isso”, afirmou Belém.