Da Redação
MANAUS – Dos 788 casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes registrados em 2016, nas delegacias especializadas de Manaus, 481 foram denúncias de estupro. O número foi anunciado pela delegada Juliana Tuma, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), em palestra no Curso de Capacitação de Direito da Infância, Juventude e Família realizado pela Esmam (Escola Superior da Magistratura).
Nos 788 casos registrados, a maioria das vítimas, 618, era do sexo feminino com idade entre 12 e 17 anos. Somente de janeiro a março de 2017, as delegacias de Manaus registraram 147 casos de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes, sendo 125 contra meninas e 22 contra meninos. As denúncias envolveram 74 casos na faixa etária de zero a 11 anos e 73, de 12 a 17 anos de idade. Os dados do mês de abril não foram consolidados.
Além do estupro, as denúncias mais frequentes dizem respeito ao favorecimento da prostituição infantil ou outra forma de exploração sexual; aliciamento para a prática de ato libidinoso; ofensa ao pudor; corrupção de menores; assédio sexual; atos obscenos; dentre outros tipos de crime. Levantamento da OIT (Organização Internacional do Trabalho) informa que ocorrem no Brasil, por ano, cerca de 100 mil casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Entretanto, menos de 20% desses casos chegam ao conhecimento das autoridades, alertou Juliana Tuma.
Para a delegada, a importância de se debater esse tema “reside na prevenção, um trabalho que precisa ser feito com a população”. “Chamar a atenção da sociedade e mobilizar a todos para combater o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes; é necessário esse tipo de evento para que a mobilização seja maior e que os casos possam efetivamente diminuir”, disse Juliana Tuma.
A professora e doutora Raquel Wiggers, que também participou como palestrante, disse que o abuso sexual é um problema social que deve ser combatido por toda a população. “E este é um eixo bastante importante; o outro diz respeito aos atendimentos psicossociais, com equipes multidisciplinares formadas por médicos, antropólogos, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, atuando no atendimento e na escuta profissional das pessoas que sofreram abusos”, cdisse Wiggers, que também é pesquisadora da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).
A assistente social Marleci Venério Hoffmeister, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), explicou que a facilidade do acesso à informação e o conhecimento sobre o assunto são cruciais para que todos possam denunciar e combater esse crime contra as crianças e os adolescentes.
A Depca funciona em regime de 24 horas. Para quem deseja denunciar, os telefones são: 181, 190 ou (92) 3656-8575.