Da Redação
MANAUS –Estudo que analisa a relação entre a Covid-19 e a desigualdade socioeconômica nas capitais brasileiras mostra que Manaus é a 3ª com mais pessoas abaixo da linha da pobreza e ao mesmo tempo é a que possui a maior taxa de mortalidade pelo novo coronavírus: 50 mortes a cada 100 mil habitantes.
De acordo com o levantamento do Programa Cidades Sustentáveis, na capital do Amazonas e em Recife (PE) 31 % da população vive abaixo da linha da pobreza (conforme definição do Banco Mundial), com menos de US$ 5,50 por dia, aproximadamente R$ 28. Nas duas cidades, junto com São Luís (MA), foram registrados mais de 40 mortes para cada 100 mil habitantes.
Levantamento do IBGE apresentado em maio deste ano mostra que dos 653.218 domicílios existentes Manaus, mais da metade (53,3%) estão em aglomerados subnormais (favelas, invasões, palafitas e loteamentos).
No gráfico abaixo é possível observar essa relação entre a pandemia e a pobreza.
A pesquisa mostra que nos últimos meses as capitais se tornaram o epicentro da disseminação do novo coronavírus no Brasil. Um percentual de 60% das mortes e casos de Covid-19 estão nas capitais, onde moram 22% dos brasileiros. A mortalidade nestas cidades é quase três vezes maior do que a média do país, que é 9,5/100 mil habitantes. Ao mesmo tempo, esses são locais de atração de muitas pessoas que buscam tratamento para a doença, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
Fortaleza, Recife e São Luís são as cidades que, nesta ordem, apresentam a maior taxa de incidência do novo coronavírus – ou seja, a relação entre o número de casos confirmados e o total da população. Essas cidades também têm muitas pessoas morando em favelas e outros assentamentos precários, segundo o estudo.
O estudo considera que a falta de emprego, renda e acesso a bens e serviços básicos e à infraestrutura urbana de qualidade aumentam substancialmente a vulnerabilidade dessas populações aos efeitos do novo coronavírus.
Mais de 52 milhões de pessoas (25% da população) vivem em situação de extrema pobreza. Nas capitais, são mais de 8,2 milhões de pessoas em vulnerabilidade (18% da população dessas cidades). As 16 capitais com o maior percentual de pessoas abaixo da linha da pobreza concentram 27% dos casos e 28% dos óbitos pela doença no Brasil.
Hospitais
A capacidade de atendimento das UTIs também tem relação direta com a mortalidade nas capitais brasileiras. O acesso à infraestrutura dos sistemas de saúde e as grandes distâncias agravam a situação da população onde a oferta de leitos de UTI é menor.
No Amazonas, apenas Manaus possui leitos de UTI para casos graves do novo coronavírus. Em pesquisa do IBGE divulgada no início de maio deste ano, o estado foi apontado como o segundo do Brasil com a maior média de deslocamento para tratamento de saúde de alta complexidade: 462 quilômetros. Isso significa que em casos graves, a população amazonense é uma das mais distantes dos hospitais que podem tratar a doença.
As três capitais com menor oferta de leitos de UTI estão na Região Norte, onde também se concentra grande parte das comunidades tradicionais e indígenas do país. Boa Vista, Rio Branco e Macapá são as três capitais com a pior relação de leitos de UTI por 100 mil habitantes. Boa Vista é a capital que registrou o maior aumento da mortalidade em apenas um mês: 1.975% entre os dias 27 de abril e 27 de maio. Belém (1.684%) e Porto Velho (1.200%) aparecem em seguida e em Rio Branco o crescimento do número de óbitos foi de 880%.
Em 2019, o Amazonas esteve entre os estados com os piores índices de distribuição de UTIs, respiradores e profissionais de saúde, segundo pesquisa do IBGE que avaliou as 27 unidades da federação e regiões consideradas referências em atendimento de saúde de baixa e média complexidade.
Esses e outros dados que fazem parte do ‘Mapa da Desigualdade entre as Capitais – Covid-19’ podem ser acessados no site cidadessustentaveis.org.br.