Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O Amazonas é o segundo estado do Brasil com a maior média de deslocamento para tratamento de saúde de alta complexidade: 462 quilômetros. Isso significa que em casos graves, a população amazonense é uma das mais distantes dos hospitais que podem tratar a doença. Em primeiro lugar está Roraima, com 471 quilômetros, e em terceiro Mato Grosso com 370 quilômetros. Os dados são de nota técnica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgada na quinta-feira, 7.
A nota traz parte dos resultados da pesquisa Regiões de Influência das Cidades (REGIC) 2018, com dados que permitem a visualização do comportamento da rede urbana na saúde. Os serviços de saúde de alta complexidade compreendem, por exemplo, tratamentos especializados com alto custo envolvendo internação, cirurgias, ressonância magnética, tomografia e tratamentos de câncer.
Para efeitos de comparação, a menor média de deslocamento ocorreu no estado do Rio de Janeiro, com 67 quilômetros. Esse número menor é comum nos estados das regiões Sudeste e Sul, onde a média fica em torno de 100 quilômetros. A média nacional é de 155 quilômetros.
A rede urbana das regiões Norte e Centro-Oeste têm médias de deslocamento elevadas, 276 e 256 quilômetros, respectivamente. São marcadas pelo fluxo direcionado às capitais, quase sem existência de polos secundários, que seriam outras cidades no estado onde a população também pudesse contar com o atendimento mais complexo.
No mapa abaixo, os pontos vermelhos são os locais onde há atendimento de alta complexidade, no Amazonas é em Manaus. Os pontos verdes são os polos secundários, e o Amazonas não possui nenhum, deficiência comum no restante do Brasil.
Com a pandemia de Covid-19 esse problema se intensifica, uma vez que Manaus é a única que dispõe de UTIs para casos graves no Amazonas. O estado, que já precisa lidar com as dimensões continentais e poucas opções de transporte, convive com os hospitais sobrecarregados somente com a população da capital, fazendo com que o interior do estado fique ainda mais vulnerável ao novo coronavírus.
Em relação às buscas de serviços de saúde de baixa e média complexidade, como consultas médicas e odontológicas, exames clínicos, serviços ortopédicos e radiológicos, fisioterapia e pequenas cirurgias, dentre outros que não necessitem de internação, Manaus é a metrópole que atrai os deslocamentos mais distantes do país, em média, 418 quilômetros.
A distância média percorrida na região Norte para os serviços de saúde desse tipo é de 136 quilômetros, e a nacional, 72 quilômetros.
A divulgação da pesquisa foi antecipada para que o levantamento possa ser usado na elaboração de planos e logística de atendimento nos municípios durante a pandemia de Covid-19. A publicação dos resultados completos tem lançamento previsto ainda para este ano, segundo o IBGE.